Qual é o gestor que não teme as consequências da negligência, da imprudência e da imperícia no ambiente laboral? A saúde ocupacional não é imprescindível apenas pela obrigatoriedade em lei, mas também pela influência no desempenho da organização, pois reflete na produção, prestação de serviços, capacidade produtiva e faturamento.
A medicina focada no bem-estar do colaborador evita multas, interdições, embargos, processos administrativos, judiciais e lentidão no fluxo de trabalho da empresa por causa de acidentes ou de doenças causadas no ambiente profissional.
A atuação eficiente do departamento de Recursos Humanos (RH) é capaz de afastar tais problemas e trazer mais tranquilidade para o desempenho das atividades. Ficou interessado? Entenda melhor como este importante departamento se integra com medidas de segurança aos funcionários da sua organização.
Afinal, o que é a saúde ocupacional?
Trata-se de ramo da medicina cuja finalidade é assegurar boas condições físicas e mentais aos empregados, priorizando sua integridade e bem-estar. A matéria é tão importante que tem previsão constitucional, sendo elementar para promover a dignidade da pessoa humana.
Conforme art. 7º, XXII da Constituição Federal, é direito dos trabalhadores a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. Por isso, as empresas aplicam um conjunto de ações estratégicas que assegura não apenas condições laborais básicas, mas também conforto e a qualidade de vida.
Dessa forma, previnem-se doenças e acidentes passíveis de comprometer a integridade física, mental e a saúde do colaborador. Podemos citar entre as medidas adotadas desde um simples exercício de alongamento a cada 50 minutos até cursos e treinamentos mais específicos, sobre como agir em caso de incêndio, por exemplo.
Fatores a serem considerados
O plano de ação para eliminar os riscos ocupacionais tem de ser adequado à realidade de cada empresa, levando em consideração o porte, maquinário utilizado, instalações, número de funcionários atingidos, produto ou serviço prestado pela organização e a legislação vigente sobre a atividade desempenhada em questão.
Os perigos para quem lida com produtos químicos não são os mesmos de quem trabalha com instalações elétricas, cuja metodologia laboral também varia em relação aos profissionais que realizam trabalho em altura.
Como dissemos, a saúde ocupacional ainda tem a ver com conforto, ergonomia, material e melhor escolha possível dos equipamentos de proteção. Tais fatores influenciam na mobilidade e no método de realização das atividades pelos funcionários, trazendo melhores resultados inclusive para a empresa por causa da produtividade.
O que o ordenamento jurídico diz sobre a saúde ocupacional?
Estipular programações para antecipar, identificar, analisar e controlar os perigos envolvendo a rotina laboral é uma imposição legal: as disposições gerais neste sentido são encontradas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entre os artigos 154 e 200.
O Ministério do Trabalho e Emprego tem competência para editar normas específicas sobre segurança neste âmbito, o que é feito pelas normas regulamentadoras, especialmente a NR 7 — ela fala sobre programas de controle médico de saúde ocupacional, estabelecendo um parâmetro mínimo para o bem-estar dos empregados.
A importância do RH neste contexto
Entre as previsões em mencionado instrumento normativo estão exames admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissionais, cujo intuito é o de realizar uma “avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental”.
Os diagnósticos ajudam a empresa a cuidar do bem-estar dos colaboradores, e funcionários saudáveis tendem a desempenhar melhor as suas atividades. A equipe é o principal ativo de todo empreendimento, motivo pelo qual o RH está tão intrinsecamente ligado à promoção da saúde ocupacional.
Contratações, dispensas, afastamentos e licenças passam pelo controle do departamento de recursos humanos: por isso faz sentido seu papel como auxiliar da administração no cumprimento da lei a favor da vida, integridade física e mental dos empregados.
O RH pode monitorar a aplicação das normas regulamentadoras no ambiente empresarial promovendo treinamentos contínuos à equipe. A capacitação deixa todos os colaboradores cientes das exigências legais e previne acidentes laborais, principalmente por esclarecer os riscos e sua identificação nas tarefas desenvolvidas.
Quando este departamento está articulado com o de segurança e medicina do trabalho, os funcionários se sentem amparados, bem cuidados e retornam o investimento em sua qualidade de vida melhorando o desempenho de suas atividades.
Qual é o papel do RH no bem-estar dos colaboradores?
Muita gente acha que as atribuições do RH são apenas contratar, demitir e gerenciar a folha de pagamento. As responsabilidades desse setor, no entanto, vão muito além disso: também é sua função assegurar que as exigências do MTE sejam cumpridas, atestando a saúde física e psíquica da equipe.
A fiscalização dos procedimentos corretos de operação faz parte das incumbências deste departamento organizacional, missão a ser executada com o apoio dos gerentes das respectivas linhas de produção.
Outra responsabilidade do RH é atestar que todos os trabalhadores tenham acesso aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e aos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). A atuação conjunta com o técnico em segurança do trabalho garante a manutenção de tais itens e a troca quando eles estragarem ou ficarem velhos.
Outra função do RH para promoção da saúde ocupacional é a divulgação de regras internas de conduta, questões comportamentais e culturais capazes, inclusive, de orientar a tomada de decisão. Isso acontece por meio de cursos, palestras, envio de e-mails, jornal mural, panfletos, entre outras formas de comunicação institucional.
Desse modo, o RH deve informar aos colaboradores sobre a importância da proteção das mãos no manuseio de produtos químicos, por exemplo, do uso de capacetes e de cintos de segurança no trabalho em altura, entre outros equipamentos imprescindíveis para minimizar ou eliminar as intercorrências conforme a atividade desempenhada.
A relação de confiança com a equipe
Nesse contexto, é primordial oferecer um diálogo horizontal, e não vertical, entre hierarquias. A persuasão não pode ter um tom autoritário: é necessário estimular e engajar o time para ele perceber as ameaças evitadas com a simples adoção de práticas e metodologias laborais seguras.
Geralmente, o RH também fica com o encargo de gerenciar os projetos compulsórios de proteção ao trabalhador, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
No primeiro caso, trata-se de avaliar as áreas onde a atividade remunerada acontece, listando os perigos e riscos aos quais o empregado é submetido em tais espaços. No segundo, é montada uma estratégia para realização de exames médicos periódicos exigidos por lei de acordo com o cargo.
Seria fundamental um Programa de Proteção Respiratória (PPR) para amenizar os problemas causados por substâncias químicas nociva em uma fábrica de tintas que use solventes tóxicos, por exemplo. Além das avaliações, o RH encaminha para o tratamento da doença ocupacional quando for necessário.
Saúde ocupacional é um tema muito sério, com implicações humanas e financeiras. Não é só pelas compatibilidade de assuntos entre segurança laboral e atribuições do departamento de recursos humanos que eles devem caminhar juntos, mas também pela capacidade deste setor de comunicar a seriedade do tema e as boas práticas à equipe.
Por que o RH deve estar ligado à saúde ocupacional?
Ele concentra todas as informações sobre o grupo: organograma, características dos profissionais, do cargo e do próprio ambiente de trabalho ficam armazenadas com os encarregados desta área organizacional.
Por ter acesso a todos esses dados, o RH consegue identificar os riscos de maneira mais eficaz, empenho que precisa acontecer em parceria com os gestores dos outros departamentos, pois eles detêm o conhecimento técnico específico e vão ajudar a fiscalizar o cumprimento de todas as medidas estabelecidas no cronograma anual.
Ademais, a área de recursos humanos usualmente conta com médicos, enfermeiros, psicólogos e profissionais de segurança do trabalho em seus times, pessoas ligadas à saúde ocupacional — ela continua sendo a responsável pela contratação quando o serviço é terceirizado.
Por meio dessa integração entre líderes de todos os outros setores e do RH são elaborados os planos estratégicos em prol da saúde ocupacional, conforme item 7.4.6 da NR 7, empenho em conjunto capaz de promover o pleno controle sobre as potenciais ameaças e riscos da atividade desenvolvida.
Na hora de avaliar o desempenho da segurança do trabalho, a participação ativa dos outros setores em sintonia com o RH também será crucial para a coleta de dados, pois será preciso medir os KPIs (Key Performance Indicator, da sigla em inglês) eleitos.
Estamos falando de número de acidentes, índices de produtividade, quantidade de afastamento por doenças e nível de reposição dos EPIs, por exemplo. Com a atuação integrada, incidentes são contabilizados de forma mais rápida e é viável adotar medidas extras de intervenção em tempo hábil para a eliminação dos riscos se for preciso.
Quais ações do RH contribuem para a saúde ocupacional?
O assunto e o departamento em questão têm como foco o bem-estar do funcionário, motivo pelo qual várias ações são cabíveis a fim de promover a segurança no trabalho. Elencamos na sequência algumas delas, exemplos práticos passíveis de implementação em qualquer tipo de estrutura organizacional.
Capacitação e reciclagem
As próprias NRs já falam da necessidade de oferecer treinamentos à equipe sobre as normas vigentes, sejam elas de proteção contra incêndios (NR 23), edificações (NR 8), atividades e operações insalubres (NR 15) ou de outro tema. Contudo, o RH pode aproveitar a oportunidade para estimular a comunicação com e entre os colaboradores.
Os profissionais deste departamento podem promover dinâmicas, simulações e rodas de debate sobre riscos inerentes às tarefas desenvolvidas, uma forma de abrir espaço para a equipe exprimir suas dúvidas, compartilhar experiências e buscar soluções.
O engajamento gerado ainda fortalece a cultura e melhora o clima organizacional porque denota a preocupação da empresa com saúde ocupacional — consequentemente, a produtividade aumenta e a companhia ganha em resultados.
Avaliação de desempenho
Que tal levar em consideração boas práticas para mitigar riscos e o uso correto dos equipamentos como critérios para avaliar o funcionário? Este processo de análise é desenvolvido pelo RH e há o feedback ao empregado sobre a satisfação da organização com as tarefas realizadas por ele.
Quando o departamento valoriza quem promove a saúde ocupacional, está reconhecendo a importância da atitude para a valorização do colaborador, criando exemplo para toda a equipe. Ao considerar tal comportamento, a avaliação de desempenho ainda reafirma a cultura organizacional.
Contratação de especialistas
Imagine ter uma equipe de RH formada por psicólogos mas não oferecer atendimento psicológico aos funcionários: neste caso, fica claro que os membros do departamento estão servindo a empresa, e não os empregados.
Ter profissionais da área da saúde, bem como um técnico em segurança do trabalho, especialmente designado para a companhia assegura o acompanhamento dos programas e políticas de perto, o conhecimento dos prontuários e histórico de casos reportados na unidade laboral.
Reconhecimento de lideranças
Que tal reter líderes capazes de analisar riscos e evitar acidentes? Quando o RH reconhece tal habilidade como imprescindível ao ocupante de um cargo estratégico, é reafirmada a preocupação da empresa com o tema, também servindo de exemplo para os demais membros da equipe.
Quem deseja subir na carreira passa a repetir este padrão comportamental a fim de ser notado, atendendo às expectativas da alta direção e propagando a política de proteção aos colaboradores.
Quais são os benefícios da relação entre o RH e a saúde ocupacional?
São muitas as vantagens que uma organização obtém quando a relação entre o RH e o restante da empresa é próxima e integrada. Como já falamos, ocorre o aumento da produtividade, já que os trabalhadores usarão suas ferramentas, móveis e demais utensílios da companhia corretamente, dando bom andamento dos serviços.
Investir em saúde ocupacional, além de ser vantajoso ao clima e cultura interna, reduz taxas de absenteísmo, turnover e evita gastos com afastamentos, licenças e substituição dos acidentados.
Ainda, acidentes podem ensejar indenização quando acontecem: motivo pelo qual vale a pena investir em segurança no ambiente de trabalho. Os processos judiciais são morosos e mancham a reputação da empresa no mercado, tanto perante o consumidor, quando diante da concorrência e dos profissionais, que evitam trabalhar no seu negócio.
Com o aumento da produtividade, a gestão do tempo é mais eficaz e sobra horário no calendário para a implementação de novos projetos a fim de expandir as operações e conquistar novos clientes.
Os investimentos na cultura preventiva também evitam as multas por não realização de exames médicos obrigatórios, interdições e embargos em obras. Os dias de paralisação afetam a capacidade produtiva, o faturamento e cortam o ritmo de trabalho da equipe, desalinhando todas as estratégias organizacionais.
Por que contar com uma assessoria especializada no assunto?
Muitas empresas preferem terceirizar as atribuições de segurança laboral a fim de economizar recursos na criação de um departamento interno específico para a área. Se essa for a sua escolha, lembre-se de garantir uma excelente comunicação entre o RH e essa prestadora de serviço.
Alterações nos cargos, contratações e dispensas, por exemplo, precisam ser informadas de maneira clara, exata e ágil para que nunca faltem equipamentos nem capacitação adequada. Segundo consta nas NRs, o treinamento ofertado por uma organização não exime o profissional de nova formação quando ele muda de companhia.
A participação do RH na saúde ocupacional, portanto, é indispensável. Dessa forma, fica mais fácil promover a segurança do trabalho, evitar acidentes, comprar equipamentos de proteção de qualidade e, principalmente, conscientizar os funcionários sobre a relevância desse tema.
A contratação da assessoria tem como vantagem seu alto conhecimento técnico em saúde ocupacional. Sua experiência e especialização no segmento mostra formas mais efetivas de lidar com riscos e prevenir eventos indesejados, ameaças à integridade e vida do trabalhador.
A terceirizada tem amplo conhecimento do ordenamento jurídico sobre o assunto e sabe orientar o RH quanto aos treinamentos, suprindo as demandas legais e a situação conforme a atividade desempenhada pela contratante.
Saúde ocupacional é interesse de empregadores, empregados e sindicatos, devendo sempre ser priorizada para o bom funcionamento da companhia e qualidade de vida do funcionário. O departamento de recursos humanos, justamente por lidar com o pessoal, tem papel central na promoção desta cultura preventiva.
Falando em segurança do trabalho, você conhece a FISPQ? Confira aqui a relação entre o tema e este importante documento
Essa matéria ou artigo sobre a atuação do RH relacionado à Segurança e Medicina do Trabalho é em muitas observações, um equivoco. Por exemplo quando coloca o RH, como responsável pelo PPRA e PCMSO, EPIs, EPCs, etc. Quem deve ser responsável pelas elaborações e implantações de programas de Segurança e Medicina do Trabalho são o de Segurança e Medicina do Trabalho, articulando os resultados com o RH ou teremos como resultado, a falência nos resultados.
Quanto ao RH, trabalhar articulado com outros Dptos, Principalmente com a Segurança do Trabalho, está correto.
Boa tarde José Augusto, em atenção ao seu comentário, especificamente na parte do texto: “RH com responsável pelo PPRA e PCMSO” podemos informar que o texto original do Blog é o seguinte: ” Geralmente, o RH também fica com o encargo de gerenciar os projetos compulsórios de proteção ao trabalhador, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).”
Note que o nosso intuito foi de informar que o RH, em muitas empresas brasileiras, assume o gerenciamento dos “projetos compulsórios de proteção ao trabalhador” incluindo o PPRA e PCMSO porém a elaboração e implantação deve ser sempre feita pelos profissionais de segurança do trabalho legalmente habilitados para a função. Obrigado por sua observação e esperamos ter esclarecido essa possível interpretação equivocada do texto.
Bom dia muito bom material !
Preciso de uma ajuda não estou conseguindo achar este assunto
Conceituação de Saude Ocupacional e outros campos da atividade humana,]
Se poder me indicar material, fico grata