Quando o assunto é segurança do trabalho, qual líder na área não teme acidentes e danos à saúde dos profissionais? Afinal, há riscos para os colaboradores, para o próprio gestor — que pode ser acusado de negligência ou imprudência —, e, ainda, para a corporação, que está sujeita a multas e processos se houver desconformidades.
Para ajudá-lo com esse assunto, neste post, falaremos sobre a higiene ocupacional para agentes químicos. Em termos gerais, trata-se de um conjunto de procedimentos para prevenir, diagnosticar e gerenciar o uso de itens que possam causar problemas médicos nos empregados.
Em alguns passos essenciais, vamos mostrar a você como montar um plano estratégico de defesa diante da exposição a esses elementos. Continue a leitura e confira!
Faça uma análise preliminar dos produtos toxicológicos
A higiene ocupacional é um assunto bastante delicado que requer alto nível de responsabilidade e de conhecimento técnico. Quando a questão são os prejuízos provocados por agentes químicos, essa importância se torna ainda maior. Isso porque eles, além de doenças e de incapacitações, são capazes de originar incêndios e explosões dentro e fora da companhia.
Por essas razões, é fundamental conhecer, a fundo, as características toxicológicas dos principais insumos envolvidos no processo produtivo. Com base nesses perfis, será viável produzir um quadro com as medidas a serem adotadas por ordem de urgência.
Essas resoluções têm de ser definidas conforme os efeitos que tais itens possam provocar no organismo de um funcionário. Embora haja certa variação de uma organização para outra, do ponto de vista da higiene ocupacional, os produtos químicos em forma de gás, os vapores e os aerodispersóides (poeira, névoa, neblina) são os que costumam merecer a avaliação de risco.
Por se espalharem pelo ar rapidamente, eles precisam ser monitorados com maior rigor. Desse modo, essas substâncias podem causar doenças, incapacitações e, na hipótese de uma ocorrência mais grave, até mesmo, mortes.
Detalhe o processo de amostragem
Para uma higiene ocupacional para agentes químicos de qualidade, é muito importante planejar uma estratégia de como serão feitas as amostragens, isto é, os testes para medir a incidência de determinado elemento.
Essas verificações vão apurar as condições do corpo do empregado e da atmosfera nos ambientes em que ele fica exposto aos materiais tóxicos. Também é necessário ponderar sobre o número de amostras, pois quanto maior for essa quantidade, melhor será a credibilidade do levantamento.
No entanto, é preciso pensar que, nem sempre, há recursos técnicos e financeiros para submeter um volume alto de pessoas a essas pesquisas. Por essa razão, empresas especializadas podem ajudar a definir a quantidade ideal que traga segurança e, ao mesmo tempo, garanta um razoável custo-benefício.
Vários fatores, como o ciclo de produção, a presença de grupos homogêneos, o tipo de função, a quantidade de horas de exposição, o volume do que foi coletado para os exames, a temperatura, as condições de ventilação do espaço, entre outros, influenciam na definição do número de provas testadas.
Outro ponto a ser levado em consideração é a duração dessas contagens. Seria perfeito se as companhias pudessem testar o expediente inteiro, mas, nem sempre, isso é economicamente viável. Existem também empecilhos operacionais, na medida em que analisar toda a jornada poderia trazer impactos na produtividade. De qualquer maneira, antes de iniciar a amostragem, identifique dados como:
- tipo de contaminante mensurado;
- dispositivo empregado na captação (equipamento de coleta específico);
- volume de ar tolerado em cada amostra;
- número ideal de amostras a serem coletadas;
- vazão durante a coleta (relação entre a quantidade do material recolhido e o tempo — um equipamento pode ter uma vazão de 10.000 litros por hora, por exemplo).
Mapeie as ameaças
Mapear os riscos é o principal objetivo da higiene ocupacional. Não é diferente quando se usa essa metodologia no trato com os elementos químicos. Em lugares com pouca circulação de oxigênio e com a presença de inflamáveis, o cuidado deve ser redobrado para evitar explosões, incêndios e asfixia dos funcionários.
Por causa disso, antes de iniciar ou alterar um processo, é preciso fazer uma boa estimativa das chances de perigos. Além das possíveis ocorrências com os produtos químicos, os gestores devem ficar atentos às hipóteses de danos físicos, biológicos e ergonômicos.
Depois de ter, em mãos, quais são as vulnerabilidades, um projeto de ações preventivas para impedir que essas ameaças se concretizem deve ser elaborado. Assim, é crucial conhecer todos os itens que integram a rotina laboral, tais como as matérias-primas, os procedimentos técnicos, os modelos de equipamentos presentes etc.
Conheça e respeite os limites de tolerância
Fazer os cálculos sobre a taxa de periculosidade de agentes químicos é diferente e mais complicado do que as análises relacionadas a fatores físicos. Isso porque essas medições terão de passar, muitas vezes, por exames laboratoriais.
Com base nesses resultados, é possível chegar à avaliação quantitativa dos riscos, a qual vai apontar o chamado “limite de tolerância”. Esse teto é estabelecido pela norma regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O limite de tolerância indicará a concentração (mínima e máxima) do produto e a intensidade do contato com esses elementos (tempo de interação permitido) de acordo com a natureza desse agente químico, de modo que seja preservada a saúde dos profissionais.
Quando os índices são desrespeitados, a empresa ficará sujeita a várias consequências como multas, interdições e, até mesmo, processos judiciais.
Selecione os postos de trabalho mais vulneráveis
Na hora de decidir quais são os colaboradores a passar pelos estudos, leve em consideração o tempo que eles ficam perto dos artigos perigosos, a proximidade com essa fonte de contaminação, os sentidos das correntes de ar (proliferação pela área de trabalho), entre outros quesitos.
Infelizmente, não é possível testar todos os contratados e, por isso, essa triagem tem de ser muito bem formulada. Uma sugestão é fazer esse filtro com base nos chamados GHE (Grupos Homogêneos de Exposição).
A ideia é separar os trabalhadores em subgrupos conforme a semelhança entre as funções que eles exercem. No caso dos materiais químicos, a atenção deve ser maior para os operários da linha de frente do processo de fabricação, na qual o contato com elementos químicos costuma acontecer com mais regularidade.
Desse modo, a empresa investiga as consequências do manuseio dos agentes químicos para diferentes funções. Com os riscos mapeados, os gestores têm mais condições de confeccionar seus planos de segurança. Ao fazer a sua divisão por GHE, leve em consideração:
- características da operação;
- tipos de tarefas a serem cumpridas;
- agentes químicos perigosos, suas localizações e meios de propagação;
- concentração química desses elementos;
- quantidade de funcionários vulneráveis;
- possíveis problemas para a saúde dos empregados;
- oscilações de clima, de horários e de frequência das exposições;
- influências desses contatos em processos vizinhos.
Adote as providências necessárias
Depois de diagnosticar quais são os profissionais expostos a agentes químicos e em que níveis, será o momento de traçar o plano de ação para evitar as irregularidades.
A eliminação do produto deve ser cogitada: é possível substituí-lo por um outro, menos agressivo? Caso não seja viável fazer essa troca, reflita sobre o afastamento dessa substância. Quem sabe uma solução de automação, como robôs no lugar de pessoas nas atividades mais perigosas?
A redução do uso também é uma alternativa sobre a qual o gestor de segurança do trabalho terá que pensar. Sistemas de exaustão, por exemplo, podem aliviar a concentração desse material lesivo, auxiliando em sua dispersão. Além disso, rodízio entre as equipes contribuem para diminuir o tempo de contato com esses agentes nocivos.
Conforme a situação, monte um kit específico de Equipamento de Proteção Individual (EPIs): luvas, aventais, botas, máscaras respiratórias etc. Em caso de acidentes, é preciso que haja um manual prévio de como as pessoas devem agir.
Para isso, deixe os procedimentos emergenciais sempre à vista, pendurados na parede, e faça o mesmo com as rotas de fuga — trajetos que os funcionários necessitarão percorrer para deixar a fábrica em casos de emergência. A fim de garantir que a tensão e o nervosismo não atrapalhem a eficiência de uma evacuação, invista em treinamentos para situações de alto risco.
Com uma estratégia de higiene ocupacional para agentes químicos bem-feita, você identifica e elimina todas as ameaças à saúde e à segurança do trabalho. Dessa forma, os passivos trabalhistas, os acidentes laborais, as multas, as interdições e os eventuais processos na Justiça poderão ser mais facilmente evitados.
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