Você já tomou providências para o caso de ocorrer um acidente na empresa? Planos de emergência e rotas de fuga fazem parte das medidas que devem ser tomadas para a proteção dos colaboradores. Elas sinalizam de que modo proceder e a forma mais rápida de evacuar um local em caso de incêndios, desabamentos e outros acidentes de trabalho.
Além de serem uma proteção à vida, elas evitam que empresas sejam autuadas e que tenham alvará negado em vistorias do Corpo de Bombeiros. As exigências de como devem ser as rotas de fuga estão nas Normas Brasileiras (NBRs) e devem ser seguidas à risca.
Entretanto, ainda que seja de conhecimento geral que treinamentos e sinalizações são necessários para a orientação do pessoal, existem muitas dúvidas sobre a forma mais funcional de preparar essa estratégia de escape.
Você é gestor ou técnico em segurança do trabalho e ainda tem dúvidas sobre o tema? Quer saber como implementar uma rota de fuga na sua empresa e garantir a segurança de todos? Então, confira este artigo que preparamos e evite acidentes!
O que são rotas de fuga?
As rotas de fuga são o caminho que os funcionários devem seguir em casos de acidentes que exijam a evacuação do local de trabalho. Mais do que ter placas de sinalização, uma empresa deve seguir certas exigências para que as instruções sejam colocadas de forma clara e de fácil entendimento, mesmo nos momentos de tensão.
Os mapas de fuga, em geral, são padronizados. São uma espécie de planta da área que indicam, por meio de círculos coloridos, os possíveis riscos daquele local. Uma região de baixo risco, por exemplo, é indicada por um círculo de cor verde. Ameaças mais graves devem ter um círculo de cor vermelha.
Colocando de forma clara por meio de um trágico exemplo, lembremos do incêndio da boate Kiss. Por falta de clareza nas rotas de fuga, infelizmente, muitas pessoas que estavam dentro do local correram em direção às portas, que estavam trancadas e não faziam parte desse mapeamento.
Em resumo, as rotas de fuga são a forma planejada, mapeada e detalhada de como deve acontecer a saída de uma construção de forma segura, rápida e com bom escoamento de pessoas.
Por que é importante planejar rotas de fuga?
Empresas de todos os portes e de qualquer setor precisam ter um plano de fuga bem estruturado. Afinal, não é possível adivinhar quando acontecerão imprevistos. Veja como é importante implantar rotas de fuga.
Garantir a adequação do local às exigências legais
Alguns empresários talvez pensem que rotas de fuga são importantes somente no ambiente industrial. Mas, não é bem assim. Mesmo que se trate de uma padaria ou uma loja de roupas, é necessário ter rotas de fuga planejadas.
Em atendimento às exigências legais, os proprietários e gestores das empresas devem proporcionar que o ambiente de trabalho seja o mais seguro possível para seus colaboradores.
Porém, a questão vai além da proteção dos empregados. É necessário que o local seja seguro do ponto de vista do Corpo de Bombeiros. Eles avaliarão o local, a fim de verificar se a regulamentação está sendo observada.
Deixar de implantar rotas de fuga pode fazer com que uma empresa não consiga a emissão de laudos que são exigidos para seu funcionamento. Assim, até que o local esteja adequado, não poderá haver atividades nas instalações da empresa.
Providenciar que todos saibam como reagir
Se você é gestor ou técnico de segurança do trabalho e sua empresa ainda não tem rotas de fuga já implantadas, isso deve preocupá-lo constantemente. Pode ser que alguns colaboradores também sintam uma certa ansiedade ao pensar no que fariam em caso de um acidente.
Com a implantação de rotas de fuga, a situação muda. Você, ocupando um papel de responsabilidade nessa questão, passa a ter a tranquilidade de saber que a empresa está agindo de acordo com as normas o oferecendo proteção aos colaboradores.
Quanto aos funcionários, não ficarão preocupados com a possibilidade de um acidente. Afinal, eles sabem exatamente o que fazer em caso de incêndio ou outros imprevistos. Durante a evacuação, não haverá pânico e todos já saberão como se comportar.
Minimizar as consequências de um acidente
Geralmente, o acidente não é o único responsável pelos danos às pessoas que trabalham no local. Quando os colaboradores entram em pânico, deixam de usar a razão e podem causar dificuldades durante a evacuação.
Em alguns casos, há pessoas que podem ficar fora de si e bloquear saídas, impedindo a fuga das outras pessoas. Isso talvez provoque pisoteamentos, levando algumas pessoas a se ferirem gravemente e até mesmo à morte.
Conhecer as rotas de fuga ajuda os funcionários a manterem a calma. Afinal, eles têm bem em mente que basta seguir as instruções que estão no plano de fuga e nas indicações visuais.
Diminuir os prejuízos decorrentes de acidentes
As piores consequências de um acidente envolvem a perda de vidas humanas. Nada pode substituir a vida de uma pessoa, principalmente para a família. Porém, a morte de um colaborador pode trazer vários outros prejuízos.
Caso ocorram mortes em um acidente na empresa, será necessário pagar multas e indenizações de alto valor. Além disso, o efeito sobre o emocional dos outros empregados pode ser enorme. Isso sem contar em como tudo isso pode prejudicar a reputação da empresa.
Dessa forma, é possível perceber que um bom programa de prevenção de acidentes pode evitar inúmeros prejuízos.
Oferecer proteção aos visitantes
Nas instalações de uma empresa, é comum que haja a presença de visitantes, como fornecedores, clientes e outras pessoas. Seria muito triste que elas se ferissem durante a evacuação do local.
Porém, se a rota de fuga for indicada claramente por meio de uma boa sinalização, até mesmo os visitantes serão protegidos na ocorrência de um imprevisto. Além de poderem se guiar com as placas, eles também serão orientados pelos empregados, que já sabem exatamente como agir.
Melhorar a imagem corporativa
Responsabilidade socioambiental por parte das empresas é um dos critérios que guiam muitos consumidores ao escolher o que vão comprar. As pessoas preferem usar serviços ou adquirir produtos de organizações que respeitem o funcionário e o meio ambiente, mesmo que tenham de pagar um pouco mais.
Não só os clientes, mas o mercado como um todo tem uma melhor percepção de empresas responsáveis. Ter uma boa imagem facilita até mesmo a formação de parcerias, o que pode aumentar as oportunidades de negócios.
As rotas de fuga são úteis em quais casos?
Diversos imprevistos podem obrigar a evacuação das instalações de uma empresa. Veja algumas situações em que as rotas de fuga são necessárias.
Desabamentos
Podem ocorrer desabamentos, em especial, nas indústrias. Em casos assim, a sinalização servirá de ajuda para que as pessoas usem o melhor caminho para evacuar o local.
Acidentes
Os acidentes podem ser de vários tipos. Apenas para citar um exemplo, é possível que haja um vazamento de produto químico, de forma que as pessoas que estão no local corram o risco de intoxicação. Se esse risco tiver sido mapeado com antecedência, poderá até mesmo existir equipamentos de proteção respiratória disponíveis em locais estratégicos, para que todos possam proteger a respiração.
Incêndios
Um incêndio apresenta um enorme risco, tanto por conta do fogo, como também pela fumaça, que tem um alto poder de intoxicação.
Como planejar uma boa rota de fuga?
A primeira medida a ser tomada por uma empresa é a elaboração do mapa de riscos do local. Ele determina a quais riscos os funcionários estão sujeitos de acordo com a construção e as atividades desempenhadas pela empresa.
Em caso de acidente, certas particularidades de um local de trabalho podem acrescentar riscos aos colaboradores. Por exemplo, um laboratório farmacêutico, além de riscos inerentes a qualquer construção, ainda oferece riscos de contaminação, vazamento, entre outros.
É importante ressaltar que, em caso de emergências, a dificuldade ou a demora em abandonar o local pode gerar pânico. Entretanto, uma situação adversa desse tipo exige tranquilidade e até um pouco de frieza para agir com a razão.
Para um bom planejamento das rotas de fuga, devem ser levadas em conta as exigências das seguintes regulamentações:
- NR (Norma Regulamentadora) 23 do Ministério do Trabalho;
- NBR (Norma Brasileira Regulamentadora) 9.077/2001;
- NBR 13.434/2004;
- Código Estadual de Prevenção de Incêndios.
Como montar a rota de fuga?
As regulamentações determinam que uma rota de fuga deve ter boa sinalização visual ou escrita e cores que realmente chamem a atenção. As setas devem ser bem posicionadas e explicar, com objetividade, para onde elas levam. “Saída” e “desça para o próximo pavimento” são boas orientações e contribuem para que os funcionários não entrem em uma condição de estresse extremo.
Não podemos deixar de lado a acessibilidade. É importante planejar a saída de cadeirantes e providenciar que as instruções estejam escritas também em braile. A empresa deve providenciar equipamentos, como os de combate a incêndio, que estejam sempre dentro da validade e em número suficiente. Além disso, deve haver pessoal treinado para utilizá-los.
Essas medidas podem ser atribuídas à CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que é exigida em empresas com 20 ou mais funcionários. Porém, no caso de empresas com menos de 20 colaboradores, existe a exigência de que um deles seja escolhido como Designado da CIPA. Assim, ele será o responsável pelo cumprimento das exigências determinadas na NR 5.
Entre as determinações, consta a exigência de que as portas de saída jamais podem ser fechadas por fora. Elas também não devem abrir para o lado de dentro da construção, nem ser fechadas com chave durante o horário de trabalho.
É importante ressaltar que as rotas de fugas devem ser refeitas sempre que houver qualquer mudança na construção original das instalações da empresa. Dessa forma, as modificações manterão a sinalização e estarão de acordo com as diretrizes das normas regulamentadoras e demais estatutos.
Quais são as exigências para a sinalização?
A sinalização deve atender a diversas exigências, para que seja de qualidade e realmente funcional. É necessário que ela atenda, por exemplo, às normas estabelecidas pelo Corpo de Bombeiros. Além disso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também oferece alguns direcionamentos para a fabricação de placas e outros itens.
Entre outras coisas, deve ser possível visualizar as indicações das placas mesmo que o ambiente esteja escuro ou tomado por gases e fumaça. Além disso, elas devem ter resistência para suportar as intempéries, caso fiquem expostas ao tempo.
Também é necessário inspecionar a sinalização regularmente, a fim de verificar a qualidade dela e providenciar trocas de itens, se for preciso. Por fim, é importante se certificar de que nenhum objeto esteja impedindo o livre acesso a extintores e mangueiras de incêndio.
Como treinar os funcionários para o caso de acontecer um acidente?
Devem ser planejados treinamentos periódicos nas empresas para que as pessoas saibam exatamente o que fazer na hora em que são surpreendidas. Esses treinamentos devem assegurar que alarmes e sinais sonoros são ouvidos de qualquer lugar da empresa.
Podem ser atribuídas tarefas específicas a determinados funcionários ou setores, de forma que não se crie tumulto e que a evacuação ocorra na perfeita ordem que esses momentos exigem. As empresas devem ter sinalizados os locais externos de encontro de funcionários, no caso de alguém se perder da maioria. Isso garantirá que uma pessoa responsável esteja no local para dar as orientações necessárias.
Os gestores devem alertar os trabalhadores de que os momentos de simulação de acidentes não podem ser abandonados ou vistos como perda de tempo. Afinal, é comum que alguns colaboradores não abandonem o posto de trabalho durante esses treinamentos. Por isso, é necessário firmeza e clareza para que todos os colaboradores sejam treinados.
É importante verificar as leis municipais ou estaduais que determinam a periodicidade dessas simulações. Em geral, elas devem ser feitas duas vezes por ano, mas essa quantidade pode aumentar se a comissão interna de prevenção de acidentes julgar necessário.
Durante o treinamento, as comissões de prevenção de acidentes devem ressaltar onde estão as saídas de emergência e evitar que fiquem dúvidas quanto ao caminho a ser seguido.
Por dar importância a treinamentos frequentes e providenciar sinalizações realmente funcionais, a empresa evita prejuízos financeiros e dores de cabeça com relação às vistorias externas. Também, isso proporciona proteção às pessoas que trabalham naquele local e ao meio ambiente.
Com a ajuda desse artigo, você conseguiu entender a importância de não negligenciar as rotas de fuga e investir em treinamento de pessoal para momentos de pânico.
Que tal continuar se informando sobre a prevenção de acidentes? Sugerimos a leitura do artigo “O que é um plano de emergência e plano de resgate?”
Gostaria de receber normas de segurancas no trabalho
Estudante de TST