O sucesso ou fracasso de qualquer medida adotada no ramo corporativo é quantitativo, ou seja, pode ser calculado com base no resultado obtido em comparação com o valor inicial aplicado. Nesse contexto, o ROI em segurança do trabalho indica de quanto foi o êxito das estratégias adotadas para a prevenção de acidentes.
Os impactos de tais eventos no ambiente laboral são diretamente sentidos nos cofres da empresa, com encargos trabalhistas, despesas provenientes de substituições de funcionários e processos na justiça.
Para provar de uma vez por todas o quanto é imprescindível investir em segurança do trabalho, reunimos as informações necessárias para você calcular o retorno do investimento na área. Acompanhe!
O que é o ROI em segurança do trabalho?
“ROI” é uma abreviatura da língua inglesa para “Return on Investment”, que significa retorno sobre o investimento. Assim como é possível mensurar em números os ganhos com um programa de educação corporativa, o empresário também pode fazer as contas para verificar o quanto a empresa ganha ao destinar recursos à prevenção de acidentes.
Os direitos à vida e à saúde são constitucionalmente assegurados a todo cidadão, portanto não devem ser postos em xeque por causa da atividade laboral desenvolvida pelo indivíduo. Até funções especialmente perigosas, como o trabalho em altura, em espaços confinados e com produtos químicos, devem ser seguras para o empregado.
Por dentro das estatísticas
O ROI em segurança do trabalho é especialmente importante quando levamos em consideração que quatro milhões de acidentes ocorreram entre 2012 e 2017, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), com 15 mil vítimas fatais. Os efeitos são sentidos por empregadores, funcionários, suas famílias e toda a sociedade.
No Brasil, cerca de R$ 264 milhões foram gastos em decorrência de tais eventos no ambiente laboral, com 315 milhões de dias de trabalho perdidos. Em tempos de sobrecarga do sistema previdenciário, a Previdência desembolsou R$ 26 milhões com encargos destinados aos acidentados entre 2012 e 2017.
Diante de estatísticas tão alarmantes, não é à toa que mais de 90% das empresas oferecem programas para a promoção da saúde ocupacional além das exigências da lei, conforme aponta a pesquisa do Serviço Social da Indústria (Sesi).
Qual a importância desse indicador?
O cálculo chama a atenção do ramo corporativo porque é sentido em todos os departamentos empresariais, do chão de fábrica até a diretoria. Investir na qualidade de vida dos colaboradores reflete em melhorias no ambiente e nas rotinas trabalhistas, como detalhamos a seguir.
Contribuição para o planejamento estratégico
O ROI em segurança do trabalho evidencia os investimentos mais rentáveis na saúde ocupacional, ou seja, quais devem ser priorizados. Imagine uma empresa com o objetivo de reduzir em 20% os acidentes em espaços confinados, mas podendo arcar apenas com uma medida para atingir tal finalidade.
Então, o que foi mais vantajoso: o ROI do treinamento corporativo ou do Diálogo Diário de Segurança? As decisões do gestor têm mais chances de sucesso quando são estrategicamente tomadas, ou seja, alinhando as expectativas para o futuro com as experiências passadas.
Fortalecimento da cultura organizacional
Quando o empreendimento se preocupa com medidas protetivas, todos os colaboradores passam a reproduzir tal preocupação. Isso acontece porque as políticas, diretrizes e crenças do negócio acabam sendo enraizadas na conduta dos funcionários.
A empresa Voith Hydro, por exemplo, capacitou seus gestores para darem atenção especial ao uso de EPIs. Como resultado, os índices de acidentes laborais caíram de 25 para dois a cada duas mil horas trabalhadas.
Melhora do clima organizacional
O ROI em segurança do trabalho é refletido na satisfação e no engajamento da equipe. Ao se sentir valorizado, o colaborador aumenta seu comprometimento e tem uma rotina de trabalho que flui melhor.
A percepção do profissional sobre a organização interfere diretamente em seu desempenho. Afinal, você prefere trabalhar para alguém que coloca sua saúde e integridade física em risco ou para quem prioriza sua qualidade de vida?
Aumento da produtividade
Planejamento estratégico elaborado de maneira adequada, cultura organizacional consolidada e colaboradores comprometidos refletem diretamente nos resultados da empresa. Segundo o Sesi, 43,6% das PMEs dizem que a produtividade melhora com as ações voltadas à segurança do trabalho.
Estamos falando de estímulo à competitividade — essencial para qualquer negócio se manter ativo e em destaque no mercado. Notou o quanto é grande o retorno quando são destinados recursos para a área?
Como calcular o ROI em segurança do trabalho?
ROI = (ganho obtido – investimento inicial) / investimento inicial x 100
Essa é a equação usada para descobrir o retorno alcançado na área, sendo que o resultado é apresentado em porcentagem. Vale ressaltar: não existe ROI em segurança do trabalho adequado porque o ideal é aquele capaz de atender às expectativas de quem investiu.
Por isso, é importante estabelecer indicadores na hora de destinar recursos à prevenção de acidentes laborais. Por exemplo: você notou que o absenteísmo em razão de licenças médicas está muito alto e quer obter uma queda de 30% no índice.
Outro ponto extremamente relevante é estabelecer o quanto a empresa está disposta a investir para alcançar os resultados esperados. Sempre leve em consideração as medidas mais eficazes.
Assim, antes de tomar qualquer decisão, analise as estatísticas de acidente de trabalho na companhia, quanto do orçamento pode ser destinado a ações na área e se o montante será suficiente para atingir os indicadores estabelecidos.
Considere inclusive as responsabilidades legais das quais você não pode se esquivar, como a SIPAT (Semana Interna de Prevenção aos Acidentes de Trabalho). Seus objetivos são importantes, mas é preciso cumprir as obrigações da lei antes de tudo.
Qual é sua aplicação prática?
Iluminação nas instalações, barulho, poeira, vapor, temperatura, excesso de esforço físico e uso de produtos químicos são alguns dos fatores a serem considerados quando se promove a saúde ocupacional.
Imagine que você, técnico em segurança do trabalho, resolve focar em diminuir os índices de acidentes laborais com explosões na empresa, responsáveis por 20 ocorrências a cada 1.000 horas de trabalho. Os gastos totais com esses eventos giram em torno de R$ 40 mil e seu objetivo é chegar a apenas 10 registros do tipo.
Para tanto, você decide investir na capacitação da equipe e opta por um treinamento de R$ 5.000 focado na NR 13 (caldeiras e vasos de pressão). Como resultado, apenas 10 ocorrências passam a ser registradas a cada 1.000 horas trabalhadas, com a economia de R$ 20 mil. Logo:
ROI = 20.000 – 5.000 / 5.000 x 100
O ROI em segurança do trabalho com a medida adotada foi de 300%, ou seja, três vezes o custo do investimento. Trata-se de apenas um exemplo de como você pode verificar numericamente se o valor despendido deu bons resultados.
Caso o índice fique menor do que 100%, a decisão precisa ser repensada, pois provavelmente há melhores providências a serem tomadas. Treinamentos caros demais, por exemplo, podem não ser vantajosos.
Notou como o ROI em segurança do trabalho pode orientar suas estratégias e promover a saúde ocupacional? Ele traz em números as vantagens de investir na qualidade de vida da equipe, beneficiando os trabalhadores, suas famílias, a empresa e a sociedade.
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