Com a rotina cada vez mais atribulada nas empresas, a pressão para garantir um fluxo de produção desobstruído só aumenta, não é mesmo? É tanta responsabilidade que nem sempre é possível dominar todos os temas que envolvem o cotidiano corporativo.
Você conhece, por exemplo, as regras para o transporte de peças indivisíveis, também conhecidas como gigantes? Trata-se de um processo delicado, mas crucial para muitas indústrias. Neste post, vamos mostrar como deve ser feito o deslocamento de cargas extremamente volumosas. Ficou interessado? Então confira!
Entenda o que são as cargas inseparáveis
Os gestores de segurança do trabalho precisam ser organizados. Afinal de contas, é fundamental superar as questões burocráticas e o excesso de atividades em andamento. E isso tudo tem de acontecer sem que o cumprimento da legislação fique de lado.
Por esse motivo, o conselho é informar-se aos poucos. Desse modo, mesmo que você não precise, neste instante, de um traslado dessas proporções, é bom que você conheça um pouco sobre como ele funciona.
Isso porque o assunto é complexo e engloba o trabalho de diversos profissionais, dentro e fora da companhia.
Geralmente, o transporte de peças indivisíveis requer um tratamento diferenciado, principalmente em relação às autorizações de circulação pelas estradas. Isso porque essa condução traz impactos sobre o trânsito, sobre a fiação elétrica, sobre a capacidade técnica estrutural das rodovias etc.
Por contar com peso e comprimento elevadíssimos, na cifra de centenas de toneladas, esses fretes especiais exigem um plano estratégico para assegurar a proteção dos usuários: motoristas, passageiros, pedestres e ciclistas.
É vital estabelecer uma tática de apoio única para aquela movimentação a fim de impedir atrasos e danos em pontes e viadutos. O objetivo principal desse calendário de ações, portanto, é reduzir as chances de acidentes.
Em 2012, por exemplo, uma chapeadora — máquina para moldar peças de aço — foi levada do Espírito Santo para Minas Gerais pela BR-262. Para se ter uma ideia, um carregamento comum, em média, pesa 40 toneladas. A carga com essa chapeadora tinha 654 toneladas e 111 metros de comprimento.
Para que tudo acontecesse com a devida proteção, foi elaborado um minucioso plano estratégico. A viagem durou 25 dias e, antes que tivesse início, consumiu quatro meses de estudos por parte do grupo de engenheiros da empresa responsável.
Assim, esses profissionais analisaram as condições de preservação de pontes e viadutos e, em alguns pontos do percurso, foi necessário adicionar eixos extras ao caminhão gigante para que esses equipamentos absorvessem parte do impacto desse peso.
Dessa forma, a pressão sobre o pavimento nesses pontos mais críticos pôde ser suavizada exatamente nos lugares onde a vulnerabilidade estrutural era maior.
Já em julho do ano passado, outra carga gigante saiu do território capixaba pela BR-381 com destino ao Rio de Janeiro. Nesse caso, a peça tinha 110 toneladas e, em média, 8,5 metros. Ela seria usada nas atividades de exploração petrolífera de pré-sal.
Devido ao superdimensionamento da carga, a realização desse trajeto contou com a participação da própria transportadora, da concessionária de distribuição elétrica e da Polícia Federal.
Conheça algumas normas que regulamentam esse tipo de locomoção
É comum que os supervisores na área de segurança do trabalho temam ser acusados de negligência, imprudência ou imperícia. Isso porque essas situações podem resultar em processos judiciais e, nos casos mais extremos, até mesmo em prisão.
Por isso, trabalhar com cargas gigantes requer o devido preparo dos trabalhadores que vão participar desse projeto, bem como dos profissionais do escritório, que terão de obter as licenças do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), autarquia do Governo Federal.
É nesse órgão que a corporação vai conseguir a chamada Autorização Especial de Trânsito (AET), específica para esse tipo de viagem. As supercarretas que excederem os limites estabelecidos na resolução 210 de 2006 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) vão precisar dessa permissão.
Para a largura, a tolerância é de 2,60 metros e, para a altura, esse teto é de 4,4 m. Já os índices máximos para o peso e para o comprimento variam conforme o tipo de veículo.
O DNIT, dependendo do teor do que está sendo removido, pode determinar que haja escolta motorizada, manobras de siga e pare, desvios de trânsito, mudanças provisórias nas mãos de direção, entre outras providências táticas. As concessionárias que administram as estradas, quando necessário, são acionadas.
As transportadoras com interesse nesse tipo de locomoção enviam ao Departamento um plano de trafegabilidade para mensurar os riscos. Esse documento conta com dados imprescindíveis, como mapeamento dos locais para parada e pernoite, descrição das obras de engenharia mais sensíveis nesse percurso, entre outros.
O DNIT decide ainda o tipo de veículo que deve ser usado durante esse processo. Isso porque a potência dos motores e a tração nas rodas têm de ser condizentes ao porte dessa peça volumosa.
Se houver acidentes ou falhas mecânicas no caminho, a transportadora terá a responsabilidade de providenciar a sinalização de segurança e a retirada do frete da estrada para que o fluxo de trânsito seja retomado em até 24 horas.
Para essas situações, são requisitados planos de emergência. Quando os colaboradores da empresa desrespeitam aquilo que foi acordado na AET, essa indústria poderá ser advertida e multada. Por isso, a licença precisa acompanhar a carga ao longo de todo o itinerário.
Devem ser respeitados, ponto por ponto, os laudos e estudos que embasaram a solicitação para esse transporte. Desse modo, o objetivo principal é alcançado: reduzir as chances de acidentes.
Saiba como o peso do frete influencia no tempo da viagem
O peso, a altura e a extensão de uma peça gigante influenciam diretamente no tempo de viagem. Quanto mais elevadas essas dimensões, maior será a duração da viagem. Isso acontece porque é necessário mais cuidados com esse deslocamento.
Por exemplo: uma carga muito alta exigirá que todos os viadutos e pontes em seu trajeto sejam avaliados. Ela pode demandar ainda alterações no trânsito e a interrupção de energia.
Com uma altura significativa, existe sempre o risco de romper a fiação de distribuição elétrica. Outros potenciais danos, inclusive em propriedades privadas, têm de ser estudados. Por isso, o tempo para que a tarefa seja cumprida será mais elevado também.
De mesma forma, um carregamento muito pesado vai demandar mais recursos humanos e estrutura. Para subir uma peça dessas até a carreta, por exemplo, a empresa terá de contar com veículos especiais e com acessórios diferenciados.
Por isso, podem ser necessários itens, como pranchas elevatórias, guindastes, rampas de acesso móveis, entre outros equipamentos suplementares fundamentais para a segurança durante o trabalho de locomoção. O peso, portanto, também afeta no tempo de viagem, tornando-o mais longo.
Não é diferente com a largura: quanto mais larga for a peça, mais tempo será necessário para transportá-la. Os raios das curvas no caminho terão de ser calculados para verificar se é possível passar por elas sem incidentes.
Veja como o transporte de cargas indivisíveis movimenta a economia
Segundo a CNT (Confederação Nacional do Transporte), cerca de 60% dos deslocamentos de cargas — independentemente do porte — no Brasil são realizados em rodovias.
Desse modo, quase toda a condução de peças indivisíveis em território brasileiro depende das estradas. Assim, esse serviço acaba se tornando de grande importância para toda a cadeia produtiva. Isso porque as peças gigantes são empregadas em setores cruciais para o crescimento econômico.
Turbinas de aviões, vigas de sustentação pré-fabricadas para viadutos, caldeiras usadas nas indústrias de papel e transformadores para usinas hidrelétricas podem ser consideradas cargas superdimensionadas.
Por isso, a variedade de segmentos que demanda itens de dimensões titânicas é muito extensa. Devido à falta de estrutura em ferrovias, principalmente para mercadorias com tamanhos vultuosos, quando uma siderúrgica ou metalúrgica importa uma peça gigante, ela terá de ser levada do porto à sede pelas rodovias.
Para que isso aconteça de forma segura, serão fundamentais todos os cuidados que mencionamos nos tópicos anteriores. O transporte de peças indivisíveis, portanto, é complexo, mas indispensável para o desenvolvimento econômico, principalmente no setor industrial. Dessa forma, com as devidas precauções, é viável fazer essas viagens de forma muito segura, com o mínimo de exposição aos riscos.
E então? Gostou do nosso post? Quer ficar sempre por dentro das novidades de segurança do trabalho? Então assine a nossa newsletter! Esperamos por você!