A norma regulamentadora NR 33 – Segurança e Saúde nos trabalhos em Espaços Confinados – é um importante instrumento para realização de atividades em espaços confinados. Conforme disposto no texto normativo temos informações de como identificá-los, monitorá-los e também determinar os riscos existentes. Entre os grandes riscos estão as atmosferas potencialmente explosivas e a consequente certificação correta de equipamentos para uso em espaços confinados com estas condições especiais.
Porém, as atividades e tipos de equipamentos não são detalhados. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem a função de regulamentar o que está determinados nas NRs , por meio das Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBRs).
Por mais que esses conceitos possam confundir alguns profissionais é necessário compreender suas diferenças e utilizá-las em sua operação bem como na sua gestão. Com a publicação da NBR 16.577/2017 (Espaço Confinado – Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção), especificamente em seu item 6 (Equipamentos) e também em seu Anexo B, ficou determinada a principal fonte de especificação e detalhamento dos tipos de equipamentos, certificações e procedimentos técnicos a serem utilizados em espaços confinados, inclusive com atmosferas potencialmente explosivas.
Para evitar acidentes de trabalho em sua empresa, um técnico ou engenheiro de segurança do trabalho precisa conhecer seu processo produtivo e dialogar com seus colegas de trabalho, principalmente nas áreas operacionais. Além disso, ele precisa conhecer e aplicar o disposto nas normas técnicas e regulamentadoras nacionais, acompanhando suas atualizações e mudanças.
Investir na saúde e segurança dos colaboradores de uma empresa, utilizando técnicas e equipamentos adequados às atividades que serão realizadas, aumenta a produtividade nas organizações. Este post trata deste tema tão importante nas atividades em espaços confinados nas empresas. Boa leitura!
Equipamentos básicos e suas respectivas certificações para uso em espaços confinados potencialmente explosivos
Em conformidade com o Item 6 da NBR 16.577/2017, são estes os equipamentos elétricos básicos para uso nos espaços confinados:
- Equipamentos para detecção de gases;
- Equipamentos para ventilação mecânica;
- Sistemas de comunicação;
- Sistemas de iluminação.
No caso de espaços confinados com atmosferas potencialmente explosivas ( áreas classificadas ) estes equipamentos devem atender ao disposto na NBR ISO IEC 60.079-0/2008 e suas atualizações ( Requisitos de avaliação da conformidade de equipamentos elétricos para atmosferas Explosivas, nas condições de gases e vapores inflamáveis e poeiras combustíveis ).
No caso do atendimento no disposto pela portaria 179/2010 do INMETRO os equipamentos utilizados em áreas classificadas devem ser aprovados e atestados através de um Certificado de Conformidade emitido pelo Organismo Certificador de Produto ( OCP ) acreditado pelo INMETRO. Além disso, devem utilizar o selo de identificação padronizado do INMETRO, marcado no equipamento de forma legível e indelével. Este selo tem que conter o número do respectivo Certificado de Conformidade válido e emitido pelo OCP/INMETRO.
O que são áreas classificadas?
Conforme definição da própria NBR 16.577/2017 é a ” área na qual uma atmosfera explosiva ocasionada pela ocorrência da mistura de ar com substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, ou na qual é provável esta ocorrência a ponto de exigir precauções especiais para construção, instalação, manutenção e utilização de instalações e equipamentos.”
Os seguintes fatores influenciam o processo de combustão/explosão em áreas classificadas:
- partícula combustível em suspensão;
- a concentração de poeira em suspensão deve estar acima do limite inferior de explosividade (LIE);
- partículas de tamanho conveniente;
- quantidade de oxigênio presente na atmosfera;
- fonte de ignição com potência adequada ao ambiente;
- umidade relativa do ar na área;
- espaço confinado e suas dimensões.
Áreas com risco de formação das atmosferas potencialmente explosivas são classificadas em zonas com base na frequência, duração e natureza do risco. Para atmosferas potencialmente explosivas formadas por gases e vapores são definidas as Zonas 0, 1 e 2. No caso de poeiras são definidas as Zonas 20,21 e 22. A seguir o conceito sobre a classificação destas zonas:
Classificação para gases e vapores –
Zona 0 – Áreas onde a presença de atmosfera explosiva é permanente ou por tempo prolongado;
Zona 1 – Áreas onde a presença de atmosfera explosiva é provável na atividade operacional em condições normais;
Zona 2 – Áreas onde a presença de atmosfera explosiva é provável na atividade operacional em condições normais e, no caso de ocorrer, será por pouco tempo.
Classificação para poeiras –
Zona 20 – Áreas onde a presença de atmosfera explosiva devido ao levantamento de poeira é permanente, por tempo prolongado ou muito frequente;
Zona 21 – Áreas onde a presença de atmosfera explosiva devido ao levantamento de poeira pode ocorrer eventualmente na atividade operacional em condições normais;
Zona 22 – Áreas onde a presença de atmosfera explosiva devido ao levantamento de poeira é improvável na atividade operacional em condições normais e , no caso de ocorrer, será por pouco tempo.
Alguns exemplos de áreas com atmosferas potencialmente explosivas são:
- Silos de armazenamento de grãos e farinha;
- Tanques de combustível e óleo;
- Biodigestores
- Tubulações;
- Caixas subterrâneas;
- Galerias;
Ventilação mecânica em espaços confinados com áreas classificadas
Conforme descrito na NBR 16.577/2017, item 3.42, a definição de ventilação é o “ procedimento de movimentar continuamente uma atmosfera limpando o interior do espaço confinado, de acordo com o tipo de contaminante,por meio de Ventilação Geral Diluidora (VGD) ou Ventilação Local Exaustora (VLE) ou método combinado.”
A ventilação geral diluidora (VGD) é o processo de renovação do ar de um espaço confinado por meio da insuflação e/ou exaustão de ar. A finalidade é de promover a renovação de ar, redução de contaminantes e conforto térmico no ambiente confinado. Já a ventilação local exaustora (VLE) tem a finalidade de exaurir o contaminante na fonte ou muito próximo da fonte, para evitar que se espalhe no interior do espaço confinado.
O Anexo B da NBR 16.577/2017 nos informa que a ventilação mecânica é a forma mais eficiente de controlar a atmosfera em um espaço confinado. Neste caso, independe se os gases são tóxicos, inflamáveis ou deficientes de oxigênio.
Devido aos seguintes fatores, a ventilação natural não pode ser utilizada:
- intensa variabilidade da velocidade e vazão do ar;
- controle ineficiente do direcionamento do ar;
- problemas com a diferença de altura e pressão entre as entradas e saídas de um ambiente confinado.
Em função do descrito acima, as áreas ventiladas potencialmente explosivas ( áreas classificadas ) devem utilizar equipamentos elétricos devidamente certificados, em conformidade com a NBR ISO IEC 60.079-0/2008 e a Portaria INMETRO nº 179/2010 , sendo também protegidas de descargas eletrostáticas e contando com o adequado aterramento de seus equipamentos.
Porém a grande maioria dos ventiladores possuem a certificação somente do motor negligenciando demais partes do equipamento como : Carcaça, Caixa de junção, Prensa cabo, Cabo de força, Chave liga/desliga, Plug de força e demais componentes.Para que o Insuflador de ar elétrico seja considerado seguro, todos os componentes devem estar em conformidade e todo o percurso elétrico coberto através de certificação específica e combinada de unidade inteira.
Tipos de equipamentos e formas de ventilação
Como pode ser percebido, é necessário ter um sistema de ventilação em espaços confinados adequado ao seu ambiente de trabalho garantindo que o ar flua, através de um “caminho” para dentro e para fora do ambiente confinado.
Em alguns casos, apenas com um insuflador axial e um outro exaustor, podemos ser muito eficientes na realização de uma boa ventilação. Estes modelos de equipamentos possuem grande vazão de ar porém são compactos e de fácil manuseio. Lembrando que a própria NBR 16.577/2017, em seu Anexo B, determina a necessidade de uma troca mínima de 10 vezes o volume de ar do espaço confinado como necessária para uma boa purga da atmosfera no ambiente confinado.
Já em outras situações, os ventiladores centrífugos, reatores ou até mesmo os que utilizam o ar comprimido como fonte de alimentação podem ser utilizados. Antes de tomar qualquer decisão, avalie os parâmetros e exemplos informados na NBR 16.577/2017. Em caso de dúvida busque por auxílio especializado no mercado de segurança do trabalho.
Conclusão
Como a NBR 16.577/2017 é uma regulamentação normativa relativamente recente, algumas pessoas ainda não a conhecem ou têm informações superficiais. Portanto, todas devem ser atualizadas o quanto antes em relação às suas alterações e determinações especialmente nesta atividade de alto risco.
É fundamental utilizar equipamentos devidamente certificados para atendimento da segurança em atividades nos espaços confinados principalmente os que possuem atmosferas potencialmente explosivas. Nestes casos os riscos são ainda mais elevados de acidentes e com possibilidade de consequências desastrosas e enormes prejuízos materiais.
É essencial que a empresa saiba que a forma mais eficaz de impedir acidentes é conhecer e controlar os riscos com métodos e equipamentos adequados. os resultados vêm quando uma massa crítica da indústria aplica o comportamento seguro utilizando ferramentas corretas para aquela atividade. Ou seja, é importante que elas estejam integradas ao sistema de gestão da saúde e segurança no trabalho para que seja eficaz.
Sobre a Conect
A Conect atua há mais de duas décadas em segurança do trabalho no Brasil. É habilitada pelo CREA/RJ para elaborar diagnósticos de risco, implantar normas, estabelecer procedimentos, especificar produtos e soluções técnicas, desenvolver metodologias de trabalho e treinar equipes.
Oferece equipamentos para trabalhos em altura e resgate, espaços confinados e insufladores de ar bem como avalia os melhores produtos. A Conect, ainda, oferta serviços de manutenção e inspeção de equipamentos, treinamentos e consultorias técnicas em segurança do trabalho.
Conta com um suporte técnico formado por engenheiros e técnicos capacitados para buscar e desenvolver soluções bem como adequações com objetivo de auxiliar seus clientes em alcançar seus objetivos.
Agora, você conhece um pouco mais sobre normas e legislação para uso de equipamentos em espaços confinados e atmosferas potencialmente explosivas no Brasil. Portanto, está mais preparado para prestar um serviço de qualidade e adequado às necessidades das empresas e do mercado.