Um arranjo físico inadequado pode afetar a capacidade produtiva de uma empresa e todo o seu layout da segurança do trabalho. Afinal, com recintos confusos e despreparados, a companhia fica mais vulnerável aos erros de gestão de estoque, atrasos nas entregas e, até mesmo, às interrupções nas linhas de fabricação.
E os problemas não param por aí, já que um posicionamento caótico e aleatório de componentes, máquinas e pessoas favorece também os acidentes. E você deve estar se perguntando: como conseguir um arranjo físico impecável?
É justamente sobre isso que falaremos neste artigo. Confira opções para deixar o ambiente bem ordenado e garantir processos mais simples, rápidos e com bem menos exposição a riscos. Acompanhe!
Entenda o que é o arranjo físico inadequado
Um arranjo físico inadequado surge quando a organização não faz um planejamento para adaptar as suas instalações aos seus recursos produtivos — máquinas, pessoas, insumos, mercadorias, mobiliário etc.
Já o arranjo físico correto é o contrário disso: tudo é programado em detalhes para aumentar a velocidade do trabalho, o conforto e a proteção de bens e de pessoas. Imagine, por exemplo, uma fábrica com uma iluminação inapropriada. Nesse cenário, o risco de os operários cometerem algum erro se multiplica — sem falar nas chances de uma doença nos olhos se desenvolver ao longo do tempo.
Por essa razão, com um arranjo físico bem-feito, todos os elementos envolvidos nas atividades de uma empresa, até mesmo uma simples lâmpada, são posicionados de acordo com uma lógica.
Saiba quais são os tipos de arranjos físicos
Uma boa dica para evitar um arranjo físico inadequado é consultar a NR12 (Norma Regulamentadora), documento elaborado pelo Ministério do Trabalho e que dispõe sobre as medidas obrigatórias em torno do tema.
Esse regulamento aborda as ações que devem ser tomadas em cada circunstância para garantir o bem-estar e a saúde dos funcionários. O ideal é que as empresas tracem projetos de posicionamento físico que garantam, além da proteção das pessoas, um aumento do desempenho. Cada organização precisa de um arranjo físico único, que atenda às suas peculiaridades. Veja os tipos de arranjos físicos mais comuns!
Arranjo físico posicional
O arranjo físico posicional também é chamado de “posição fixa” ou “por projeto”. Nesse modelo, os recursos transformados — os produtos — não se movimentam entre os meios transformadores — pessoas e máquinas, por exemplo. Requerem essa categoria de plano de posicionamento setores da construção civil e da naval.
Em outras palavras, o resultado do que é produzido fica estático em relação ao restante do sistema por causa de seu grande volume, o que dificultaria ou impediria a locomoção.
Arranjo físico por processo
O arranjo físico por processo, conhecido também como funcional, agrupa tarefas semelhantes em posições próximas ou idênticas. Nessa classe de plano, produtos, dados e pessoas fluem conforme um roteiro que busca atender às necessidades de operação.
Um exemplo disso são os hospitais, nos quais a divisão de ambientes é feita conforme o tipo de atendimento prestado: enfermaria, cardiologia, pronto-socorro, UTI (Unidade de Terapia Intensiva), pediatria, entre outros. Também está incluída nesse tipo de arranjo uma indústria de peças de motor. Nesse caso, há o setor de tratamento térmico, de montagem, de testes etc.
Arranjo físico celular
O arranjo físico celular é como manter várias minifábricas dentro de uma maior. Nessa espécie de ordenação industrial, que está na moda, os recursos transformados, depois que entrarem em produção, passam por uma pré-seleção e são encaminhados a partes operacionais específicas, conhecidas como células.
Nelas, os recursos transformadores fundamentais ao processo produtivo ficam alojados. As células podem ser organizadas em arranjos físicos por processo (ou funcional) ou por produtos. O objetivo é restringir a movimentação de materiais para reduzir os impactos negativos de distâncias extensas. Costumam adotar esse modelo as indústrias de componentes para computador, os bancos, as empresas de autopeças etc.
Arranjo físico por produto
Também tratado como arranjo físico linear, como já diz o próprio nome, é elaborado para deixar os recursos produtivos transformadores ajustados em consonância com os recursos em transformação.
Isso significa que o layout será definido de acordo com o que for fabricado. São exemplos desse estilo montadoras de automóveis que produzem em massa, como a Ford — nessa configuração, o objetivo é facilitar o controle da produtividade. Esse modelo não serve para fábricas com uma diversificação de mercadorias nem para aquelas que operam em pequenos lotes.
Conheça os riscos
Um arranjo físico inadequado certamente será motivo de muita dor de cabeça. Ele pode causar desde pequenos problemas como atrasos nas etapas do processo até acidentes mais graves, inclusive fatais. Não há como se falar em segurança no ambiente de trabalho sem um arranjo físico bem planejado e executado.
No maior acidente de trabalho da história do Brasil, por exemplo, na construção do Pavilhão de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1971, foi levantada a suspeita de que a causa tenha sido um arranjo físico inadequado.
O prédio em forma de uma caixa de sapato tinha 240 metros de comprimento e assinatura do renomado arquiteto Oscar Niemeyer. Parte da estrutura desmoronou, causando a morte de 69 trabalhadores e mais de 100 ferimentos em outros.
Embora o motivo desse acidente nunca tenha sido comprovado, relatos de sobreviventes denunciam que escoras de sustentação da estrutura teriam sido retiradas da obra antes do tempo para atender a pressões políticas.
Esse exemplo histórico deve servir de lição. O arranjo físico inadequado é caracterizado por situações das mais diversas: ferramentas com defeito, lugares com risco de explosões ou incêndios, ambientes com instalações elétricas precárias e até mesmo um local onde há incidência de animais peçonhentos. Confira a seguir uma lista com os principais males causados por um arranjo físico inadequado:
- mortes;
- lesões graves e leves;
- doenças laborais;
- desconforto para os funcionários;
- falta de acessibilidade;
- mau aproveitamento das áreas;
- falhas na sinalização;
- fluxo lento e obstruído de dados, materiais e recursos humanos;
- problemas de comunicação.
Nesse vídeo, você confere como o uso inadequado de um andaime como apoio para subir em uma escada pode resultar em acidentes. Na cena, o perigo é agravado porque o profissional não faz uso de nenhum Sistema de Proteção Contra Quedas ( composto por: Cinturão de Segurança, Talabarte ou Linha de vida com Trava Quedas a uma Ancoragem conectado a um ponto de ancoragem certificado ), seja não esta conectado e sem os EPIs básicos (Equipamentos de Proteção Individual), como óculos e o capacete.
Providencie um arranjo físico eficiente na sua empresa
É muito importante que você faça um arranjo físico adequado para atender à realidade da sua empresa. Cada tipo de atividade exige uma ordenação dos elementos diferenciada. Uma indústria química, por exemplo, deve se preocupar em manter separadas substâncias que possam reagir entre si e originar explosões ou o surgimento de outras, com potencial tóxico.
Já em uma obra de construção de um prédio, é fundamental programar a posição segura dos andaimes e um fluxo lógico para a entrada dos materiais. Por causa do trabalho em altura, a posição dos pontos de ancoragem, nesse caso, seria outro item a ser levado em consideração.
É possível contratar empresas de consultoria nesse tema, providência recomendada para companhias que tenham equipes de segurança do trabalho reduzidas.
Outra dica é seguir as normas da NR12, na qual você vai encontrar orientações de como manter a circulação de pessoas e mercadorias desobstruídas, de como armazenar os materiais e sobre os cuidados necessários com sinalização e até com a higiene.
Como você pôde perceber, o arranjo físico inadequado é uma pedra nos sapatos da empresa que quer reduzir os acidentes de trabalho. Por isso, deixar a estrutura e as pessoas dispostas de uma maneira mais segura é essencial.
Com esses cuidados, você ganha tranquilidade e reduz o número de paradas operacionais significativamente. Ficou com alguma dúvida? Quer mais informações? Deixe seu comentário no post!
Muito bom,quero saber mais sobre o assunto