No último post sobre Ventilação em Espaços Confinados trataremos em detalhes sobre os gases tóxicos, equipamentos e conceitos da NR33. A importância da ventilação no que se refere à exposição de gases tóxicos está no uso da técnica de exaustão. Ela retira os gases de dentro do espaço confinado de modo mais efetivo, principalmente se aplicada mais perto da fonte. Neste caso, o auxílio do sistema de canalização também acelera o processo. A insuflação somente seria mais eficiente de modo a acelerar a retirada do contaminante quando usado simultaneamente com a exaustão. De qualquer modo a configuração do espaço, o tipo de contaminante e as saídas existentes irão influenciar esta decisão. É importante salientar, neste caso, que em se tratando de gases tóxicos as ventilações terão de ser em maior número.
Quais as diferenças entre as técnicas de ventilação?
Em relação a utilização dos equipamentos, a própria técnica de ventilação já os define. Os exaustores, como o nome sugere, atua no processo de exaustão. Ou seja, de retirada mais imediata do contaminante presente onde quer que ele esteja (no alto, em baixo, em bolsões, etc.) aceitando a ventilação natural como saneadora do ambiente. Já o insuflador sugere um comportamento de “soprar ou expulsar “ o ar contaminado. Esta técnica realiza a troca através do ar limpo que traz do ambiente externo para dentro do espaço confinado. Entretanto, dependendo das características do espaço confinado, sua ação isolada pode limitar a efetividade ao espalhar o contaminante no ambiente. Por outro lado, o insuflador auxilia também refrescando o ambiente normalmente quente do confinamento, oferecendo mais conforto térmico ao trabalhador.
Um fato importante também é que algumas substâncias, sejam elas gases, vapores e partículas, podem ser inflamáveis e o risco de explosão e incêndio estará presente nos ambientes denominados como “áreas classificadas”. Se em ambientes externos essas substâncias apresentam graves riscos, com mais razão ainda os riscos se agravam em espaços confinados. Basta uma chama ou mesmo uma centelha ou faísca para que o acidente ocorra. Sendo assim, os equipamentos elétricos e eletrônicos ou ferramentas que gerem faíscas por contato ou atrito, requerem tratamento especial nestes ambientes. Os equipamentos elétricos e eletrônicos necessitam ser certificados como intrinsecamente seguros e à prova de explosão. Para isto, é exigido a chancela do certificador nacional que é o Inmetro. E, em se tratando de ventiladores, certamente estão na relação daqueles que necessitam desta certificação, quando se trata de trabalhos com a presença de inflamáveis em espaços confinados.
O que diz a NR33 sobre a Ventilação em Espaços Confinados?
A ventilação em espaços confinados, portanto, é um procedimento de segurança muito importante e a NR33 no subitem 33.3.2 o inclui como um dos que requerem ser observados quando diz:
– antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos químicos (oxigênio, tóxicos e inflamáveis);
– implementar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos;
– avaliar a atmosfera antes da entrada de trabalhadores e manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos trabalhos, monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço confinado;
– monitorar continuamente a atmosfera nas áreas onde os trabalhadores estiverem trabalhando;
– proibir a ventilação com oxigênio puro.
Autor: Renato Crusius é Engenheiro Eletricista, com especialização em Segurança do Trabalho e Qualidade e integra a equipe técnica da CONECT.
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