A ventilação mecânica em espaços confinados está prevista nas normatizações brasileiras que orientam o trabalho em ambientes desse tipo, e cada uma delas destaca a importância de utilizar esse método para promover o máximo de segurança à saúde e à integridade física dos trabalhadores.
É o caso, por exemplo, da Norma Regulamentadora 33 (NR-33) e da Norma Brasileira Regulamentadora 16577/2017 (NBR 16577/2017), que tratam de prevenção, procedimentos e medidas que devem ser adotadas em locais onde existem riscos à circulação e permanência das pessoas.
Os espaços confinados caracterizam-se por não contemplarem condições minimamente satisfatórias à movimentação de seres humanos — já que não foram planejados para esse fim — e por apresentarem significativos perigos a quem precisa estar no local. Além disso, é comum que o acesso a esses ambientes seja complexo, exigindo destreza e conhecimentos técnicos para sua transposição, tendo em vista que a entrada costuma ser estreita e com posicionamento disfuncional.
Nessa perspectiva, por serem espaços críticos e que demandam todo cuidado e atenção no planejamento dos serviços que serão realizados em seu interior, o uso de técnicas — como a ventilação mecânica — que contribuam para a execução segura desses trabalhos pode representar o ponto-chave para que tudo flua de maneira tranquila e protegida.
Por esse motivo, preparamos este artigo para explicar como deve ser feita a ventilação mecânica em espaços confinados. Confira na sequência tudo sobre o assunto!
Quais são os riscos do trabalho em espaços confinados?
Os espaços confinados carregam consigo uma série de riscos graves aos seres humanos, o que impede que o ingresso em seu interior aconteça de forma natural e sem medidas protetivas.
Portanto, para qualquer que seja a necessidade de acessar esses locais, é imprescindível fazer uma análise das condições do ambiente previamente e emitir uma Permissão de Entrada e Trabalho (PET) aos colaboradores envolvidos na execução dos serviços.
Entre os perigos que os espaços confinados podem apresentar, vamos ver abaixo os mais comuns:
- riscos ambientais: essa categoria compõe-se dos riscos relacionados às questões ambientais do espaço, por exemplo, falta de iluminação natural adequada, umidade excessiva do ar, temperaturas elevadas ou reduzidas e existência de poeiras e partículas prejudiciais às pessoas que porventura inalarem esses compostos;
- riscos atmosféricos e químicos: aqui enquadram-se os perigos relacionados à qualidade do ar presente nesses espaços. Por conta da pouca ventilação existente, a renovação do ar não é eficiente, e essa atmosfera acaba por abrigar poeiras inflamáveis — que podem gerar explosões e incêndios no contato com pontos de ignição. Além disso, o ar contempla também componentes e gases tóxicos — que podem causar contaminações, perda de consciência e mal súbito. Ainda, há a deficiência de oxigênio — principal fator propulsor para a ocorrência de asfixia;
- riscos biológicos: relacionam-se ao contato com bactérias, vírus, pragas, fungos ou outros tipos de micro-organismos que podem trazer doenças aos seres humanos. São encontrados nos espaços confinados devido ao acesso de insetos e animais, que podem ser vetores desses organismos;
- riscos físicos: são os perigos que se referem às condições de estrutura dos espaços, sua ergonomia, sua altura e a presença de materiais e substâncias diversas no local. Têm ligação direta com situações de queda, afogamentos, perda de audição, eletrocussão, soterramentos e esmagamentos.
Como a ventilação mecânica contribui para a segurança em espaços confinados?
Como é possível notar no tópico acima, grande parte dos riscos encontrados em espaços confinados estão interligados à má qualidade atmosférica desses locais, já que muitos abrigam gases tóxicos, poeiras e partículas inflamáveis, vírus e bactérias contaminantes, além de terem pouca oxigenação.
Porém, em alguns casos, devido ao tipo de atuação das empresas, é necessário que alguns trabalhadores realizem serviços nesses ambientes insalubres, e é responsabilidade das organizações, segundo às normatizações vigentes, garantir o máximo de proteção para a execução dessas tarefas.
Uma das maneiras mais eficazes de proporcionar maior proteção e adequação satisfatória do ar nesses espaços é por meio da ventilação mecânica, tanto que os instrumentos utilizados para esse fim são considerados Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), já que se constituem como medida preventiva aos acidentes de trabalho.
No caso da ventilação mecânica, por conta da possibilidade de liberar os contaminantes presentes na atmosfera e renovar o ar existente no espaço confinado, sua utilização é indispensável para que qualquer tipo de serviço possa ser realizado nesses locais.
Para esse tipo de método, existem dispositivos apropriados e altamente recomendados pelos órgãos fiscalizadores das condições de segurança do trabalho. Veremos sobre eles, a seguir.
Quais são os equipamentos para ventilação mecânica em espaços confinados?
Existem no mercado algumas opções de equipamentos capazes de realizar, por meio da ventilação mecânica, a renovação da atmosfera nos espaços confinados. Em suma, alguns dispositivos são responsáveis por absorver o ar contaminado que está no local e liberá-lo no exterior ou em um sistema de coleta (ventilação local exaustora). Outros dispositivos trazem ar limpo ao ambiente, diminuindo a concentração dos agentes químicos pela sua diluição (ventilação geral diluidora).
É extremamente importante conhecer o que cada item proporciona, qual sua indicação de uso e qual é seu funcionamento, para não ocasionar acidentes graves relacionados à utilização equivocada. Os equipamentos podem ser utilizados de acordo com a necessidade, em uso único ou combinados entre si, e os mais indicados para essas funções são os descritos abaixo:
- exaustores: utilizados para realizar a liberação do ar contaminado do interior para o exterior. Existem em versões industriais que podem ser até portáteis, utilizadas também com dutos flexíveis;
- insufladores de ar: aqui a principal função é trazer o ar respirável para o espaço confinado, insuflando-o, literalmente, dentro do ambiente. Há opções desse equipamento, de alta performance, que podem ser portáteis, com dutos flexíveis, à prova de explosões e até mesmo que exerçam a função de exaustão em conjunto com a insuflação.
Para a ventilação mecânica em espaços confinados, os exaustores e insufladores de ar são instrumentos fundamentais, pois proporcionam uma melhora expressiva na atmosfera do local. É preciso conhecer a fundo como funciona cada item, as condições do espaço confinado e mensurar as necessidades em contraponto com as capacidades do equipamento. Assim, é possível identificar a melhor opção de uso e quais são os dispositivos mais adequados à situação.
Além dos EPCs, existem outras soluções de alta performance para serem utilizadas em espaços confinados, como as plataformas de ancoragem portáteis. Confira agora como funciona esse sistema em nosso artigo especial sobre ele!