É mais comum ouvirmos falar sobre os perigos do ambiente de trabalho que podem provocar acidentes e comprometer a segurança do trabalhador. Porém, é preciso um olhar mais amplo para vislumbrar outros fatores que trazem prejuízos para os profissionais, como no caso dos riscos psicossociais.
Existem muitos aspectos relacionados à atividade laboral que podem expor a pessoa à fragilidade mental, social, física e ergonômica. Por consequência, geram diversos malefícios à saúde dela e contribuem para o desenvolvimento de diferentes doenças.
Muitas vezes, esses riscos psicossociais fazem parte do dia a dia, e o trabalhador convive com eles, mas não significa que seja algo natural. Na verdade, são situações que precisam ser modificadas para evitar suas várias consequências negativas.
Neste conteúdo, você vai aprender um pouco mais sobre o assunto. Continue lendo e descubra o que são os riscos psicossociais, alguns exemplos, os fatores associados a eles e o que fazer para preveni-los e gerenciá-los.
O que são riscos psicossociais?
Os riscos psicossociais são todos os fatores que podem desencadear problemas de ordem mental ou física para os trabalhadores ou que contribuam para o desenvolvimento desses problemas.
Sendo assim, são situações que fazem com que o profissional esteja exposto à fragilidade, física, mental, social ou ergonômica, conforme explicamos na introdução. Portanto, têm origem em um contexto social instável, que traz prejuízos para o trabalhador.
Os riscos psicossociais surgem de eventuais deficiências encontradas nas etapas de concepção do trabalho, de organização das atividades laborais e de sua gestão. Ou seja, eles se evidenciam quando não há boas condições para o profissional exercer suas atividades e quando o ambiente é tóxico.
Então, fatores organizacionais e condições físicas do local de trabalho pesam no surgimento de riscos psicossociais. Porém, eles também podem ter relação com questões comportamentais. Justamente por isso, existem diversas situações e aspectos ligados, o que exige atenção redobrada por parte de líderes e gestores.
Afinal, os riscos psicossociais afetam de forma significativa a saúde mental do trabalhador, favorecendo a manifestação de problemas como:
- estresse excessivo;
- transtorno de ansiedade;
- transtorno de estresse pós-traumático;
- síndrome do pânico;
- síndrome de Burnout;
- depressão.
Sem falar que essas e outras condições desencadeiam problemas no trabalho, como acidentes, presenteísmo, absenteísmo e doenças psicofisiológicas.
Quais os principais exemplos de riscos psicossociais?
Os fatores de risco psicossociais costumam ser similares entre as empresas. Isso porque, como mencionamos, são as situações com potencial de provocar algum tipo de prejuízo ou de malefício para a saúde do trabalhador e até mesmo de desencadear vários distúrbios.
Alguns fatores de risco psicossociais são:
- falta de pagamento adequado das horas extras realizadas pelo trabalhador;
- jornada de trabalho excessiva ou sobrecarga de atividades;
- acúmulo de funções, em especial quando não há remuneração adequada;
- falta de segurança para a execução das atividades laborais;
- exigências contraditórias por parte do líder, da supervisão ou dos gestores;
- assédio moral, psicológico ou sexual no ambiente de trabalho;
- casos de violência verbal ou física;
- oferta de vantagens que favorecem apenas alguns trabalhadores;
- tratamento injusto.
Quais fatores estão associados aos riscos psicossociais?
Podemos apontar três grandes grupos de situações ou fatores que estão associados aos riscos psicossociais. Veja a seguir um pouco mais sobre cada um.
Condições ambientais
Um ambiente de trabalho inadequado coloca o trabalhador em risco. Isso acontece quando o local não proporciona segurança para a realização das atividades, quando os aspectos ergonômicos são precários ou quando as condições, de um modo geral, oferecem algum tipo de impacto negativo.
Alguns exemplos de condições ambientais inadequadas são: iluminação baixa ou alta demais, temperatura muito alta e excesso de ruído.
Organização do trabalho
É fundamental que exista um bom planejamento na hora de delegar funções e para conduzir a rotina e os fluxos de trabalho, de modo que cada profissional se sinta bem ao realizar suas atividades. Então, quando há problemas nesse ponto, os riscos psicossociais tendem a se manifestar. É o que ocorre, por exemplo, nos seguintes cenários:
- carga de trabalho exagerada;
- cobranças excessivas pelas entregas ou pelo alcance de metas;
- precariedade do trabalho em si;
- falta de autonomia para o profissional;
- insegurança para manter o emprego.
Fatores psicodinâmicos
Podem variar de uma empresa para outra ou até mesmo não existirem em determinadas companhias, pois são aspectos atrelados ao comportamento e à postura (dos colegas ou dos líderes). Entre os fatores psicodinâmicos relacionados aos riscos psicossociais, estão:
- conflitos entre colegas de trabalho ou com os líderes;
- os já citados assédio moral e assédio sexual;
- falta de reconhecimento;
- discriminação.
Como prevenir e gerenciar os riscos psicossociais?
A melhor forma de prevenir os riscos psicossociais é oferecer um ambiente de trabalho saudável para todos, ou seja, que contribua para a promoção do bem-estar e da qualidade de vida. Para isso, é preciso proporcionar boas condições para a realização das funções, garantir segurança e equilíbrio no ambiente laboral.
Confira, a seguir, algumas medidas eficazes para prevenir e gerenciar os riscos psicossociais:
- observe as normas regulamentadoras relacionadas ao segmento da sua empresa e siga as determinações para manter o ambiente de trabalho saudável;
- forneça todos os materiais e equipamentos, inclusive de segurança individual e coletiva, para o trabalhador exercer suas funções;
- invista em ações de saúde e bem-estar no ambiente de trabalho;
- incentive os colaboradores a cuidarem da saúde mental e implemente programas com esse foco;
- adote uma cultura de feedback para que os trabalhadores se sintam mais seguros em relação às entregas que fazem;
- ofereça benefícios, bônus e gratificações para reconhecer o esforço da equipe;
- invista em planos de saúde;
- implemente ações para incentivar a interação entre os trabalhadores e promover a colaboração e a parceria;
- adote um estilo de liderança adequado ao perfil da equipe.
Vale ressaltar que a prevenção dos riscos psicossociais no trabalho precisa ser um esforço conjunto. Portanto, é um assunto que deve ser debatido com os colaboradores e seguir para as lideranças e a diretoria, a fim de promover uma mudança cultural no negócio e tornar o ambiente mais seguro e saudável.
Considere que os riscos psicossociais não comprometem apenas a saúde do colaborador, mas os resultados da empresa como um todo. Sendo assim, é fundamental conhecê-los, saber como gerenciá-los e adotar as medidas de prevenção para que eles e suas consequências negativas não afetem as operações da organização.
Existem ainda outros riscos que precisam ser debatidos, e alguns deles estão relacionados à higiene ocupacional. Confira o que é e como ela influencia o ambiente de trabalho.