Diversas atividades em empresas expõem os colaboradores a ruídos constantes, os quais atingem o sistema auditivo e podem causar lesões e doenças ao longo do tempo. Mas você sabe quais são os tipos de ruídos existentes e como proporcionar segurança no ambiente de trabalho?
A falta desse conhecimento pode levar o profissional de Segurança do Trabalho a errar no levantamento de exposição ocupacional a esse tipo de agente. Com isso, é possível que haja equívocos na adoção de medidas de proteção e controle.
Então, quer tirar suas dúvidas sobre o assunto para diminuir esse risco? A seguir, explicamos o conceito de ruídos sonoros, quais são os tipos de ruídos existentes, os impactos que provocam na saúde auditiva dos trabalhadores, além das medidas de proteção mais adequadas. Confira!
Entenda o que são ruídos sonoros
Som, barulho ou ruído é a vibração do ar que pode ser ouvida. Contudo, a variação da pressão (diferença entre pressão atmosférica na presença e na ausência de som) que provoca as vibrações precisa ter um valor mínimo para alcançar o limiar da audibilidade, que se refere à menor variação da pressão que estimula o aparelho auditivo.
O ruído ocupacional consiste em todo barulho, som ou poluição sonora que interfere na produtividade e pode trazer problemas à saúde do trabalhador. Nesse sentido, empresas e profissionais da área de segurança do trabalho precisam observar o limite de tolerância a ruídos, estabelecido na Norma Regulamentadora nº 15.
Limite de tolerância a ruídos
Segundo a NR-15, o limite de tolerância é a concentração, intensidade máxima ou mínima, relacionada à natureza e ao tempo de exposição a um agente que não provoca danos à saúde do trabalhador durante o desenvolvimento de suas atividades laborais.
Dessa forma, quando o ruído ocupacional excede essa tolerância, torna-se insalubre. Isso dá ao trabalhador o direito de receber um adicional em seu salário.
Saiba quais são os tipos de ruídos existentes
Conhecer os diferentes tipos de ruído é fundamental, pois a configuração do equipamento que mede o Nível de Pressão Sonora (Decibelímetro) é diferente para o levantamento dos valores de exposição para cada um deles. Suas três classificações são:
- contínuo — ruídos estáveis mantidos por um longo período;
- intermitente — variam em relação à intensidade e ao tempo de duração ao longo do dia;
- de impacto — com alta intensidade (decibéis elevados), porém, de curta duração, causado pelo som do impacto de materiais. O limite de tolerância é de 130 dB (linear).
Conforme a NR-15, bem como a Portaria nº 3.214/78 e a NHO 01, que trata da higiene ocupacional (avaliação da exposição ocupacional a ruídos), o ruído intermitente ou contínuo não é considerado um ruído de impacto.
O ruído de impacto, conforme anexo 2 da NR-15 e a NHO 01, é o que apresenta picos de energia acústica, com duração inferior a 1 segundo e intervalos superiores a 1 segundo. Para exemplificar, podemos considerar uma prensa hidráulica fazendo 40 golpes por minuto, ou seja, um golpe a cada 1,5 segundo. Nesse caso, o ruído seria contínuo e intermitente.
Agora, se a prensa hidráulica do nosso exemplo realizasse 70 golpes por minuto, a cada 0,85 segundo teríamos um golpe que provocaria ruído, em um tempo inferior a 1 segundo. Assim, seria configurado um ruído de impacto.
Confira os prejuízos dos ruídos para o sistema auditivo humano
O sistema auditivo tem um minúsculo órgão chamado cóclea, afetado pela exposição ao ruído ocupacional sem a devida e necessária proteção.
Com uma contínua exposição ao ruído elevado, as células auditivas não resistem às oscilações excessivas e se quebram. Cada vez que isso acontece, há uma diminuição na capacidade de decifrar sons. É dessa forma que começa a surdez irreversível.
Existem várias consequências negativas relacionadas à exposição ao ruído ocupacional acima dos limites de tolerância, bem como do tempo previsto pela NR-15. A seguir, confira as principais.
Trauma acústico
As estruturas do ouvido ficam lesionadas devido a ruídos de curta duração e alta intensidade. Exemplo disso são as explosões, os tiros com arma de fogo, entre outros. A perda auditiva pode ser imediata, severa e permanente.
Perda auditiva temporária
Esse tipo de perda auditiva pode ocorrer em decorrência de exposições moderadas a ruídos acima do seu limite de tolerância. Nesse caso, o sistema auditivo consegue se recuperar após um período de descanso prolongado, voltando à normalidade.
Em geral, o tempo necessário para a recuperação pode variar de 11 a 14 horas. É por esse motivo que o preparo para exames de acuidade auditiva (ASO, por exemplo) solicita ao trabalhador não ir a lugares com música alta, não andar de moto ou qualquer outra atividade que envolva muitos ruídos.
Perda auditiva permanente
A perda permanente da audição ocorre quando o trabalhador não consegue identificar sons em determinadas frequências. As mais graves são as que ficam abaixo de 1000 Hz, faixa de frequência na qual a comunicação humana se encontra. Com isso, há comprometimento da capacidade de relacionamentos interpessoais.
Impactos na saúde mental dos trabalhadores
Além de reduzir a capacidade auditiva dos colaboradores, os ruídos ocupacionais podem provocar estresse, principalmente quando são contínuos. Portanto, é importante monitorar a intensidade de ruídos na empresa, buscando meios de reduzi-los e de proteger os trabalhadores.
Além de uma responsabilidade ética, os cuidados com a saúde ocupacional são uma obrigação legal. Nesse sentido, a NR-15 estabelece os níveis de ruídos, medidos em decibéis, tolerados nas empresas e as medidas necessárias para a proteção do trabalhador caso esses limites sejam ultrapassados.
As empresas que deixam seus colaboradores expostos a ruídos acima do permitido podem sofrer multas e outras punições.
Aprenda como proteger os colaboradores contra ruídos ocupacionais
Para monitoramento da exposição a ruídos, a medição deve ser feita com um dosímetro. Em geral, ela é realizada durante uma auditoria de segurança, individualmente, passando em cada setor, a fim de conferir os níveis de ruídos aos quais cada trabalhador está exposto.
Caso seja constatado que os colaboradores estão expostos a níveis acima da média, as medidas de proteção necessárias devem ser adotadas em caráter de urgência. Uma das principais é
disponibilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como os protetores auriculares.
Porém, apenas esses equipamentos não são suficientes. Também é importante implementar medidas de proteção coletiva, como isolamento acústico e barreiras colocadas nas próprias fontes de ruídos. As orientações nesse sentido incluem:
- melhoria do isolamento local;
- mensuração dos ruídos com frequência, por meio da dosimetria;
- instalação de cabines e portas acústicas;
- adoção de equipamentos de proteção auditiva.
Como vimos, é fundamental entender quais são os tipos de ruídos existentes para identificar riscos na segurança do trabalho. Esse conhecimento também é importante para estabelecer medidas de prevenção a perdas ou alterações auditivas, como o Programa de Conservação Auditiva.
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