As empresas têm a obrigação de adotar medidas preventivas para garantir a segurança dos trabalhadores, e uma das mais importantes é a elaboração de um inventário de riscos. Trata-se de um documento exigido pelo novo texto da Norma NR-1, que estabelece as diretrizes para a gestão de riscos ocupacionais.
A seguir, entenda melhor o que é o inventário de riscos e o que ele deve conter. Saiba também como elaborá-lo e a importância desse documento para as organizações e os trabalhadores. Boa leitura!
O que é inventário de riscos?
O inventário de riscos é uma ferramenta administrativa que deve ser utilizada para o gerenciamento de riscos, visando:
- comunicar riscos para diferentes partes interessadas;
- indicar a necessidade/prioridade de adoção de medidas preventivas;
- integrar e sintetizar as informações sobre avaliação e controle de risco.
O que deve conter no inventário de riscos?
O novo texto da NR-1, aprovado pela Portaria nº 6.730, de 9 de março de 2020, estabelece diretrizes para identificação de perigos, avaliação e controle de riscos ocupacionais, bem como análise de acidentes. Além disso, dispõe sobre a preparação para emergências e a documentação necessária que deve ser elaborada e mantida.
De acordo com essa norma, o inventário de riscos ocupacionais deve conter, no mínimo, as seguintes informações:
- caracterização dos processos e ambientes de trabalho;
- caracterização de atividades;
- descrição dos perigos e das possíveis lesões ou agravamentos da saúde dos trabalhadores, identificando as circunstâncias ou as fontes;
- descrição de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos a esses riscos, e descrição das medidas de prevenção implantadas;
- dados da análise feita preliminarmente ou do acompanhamento das exposições a agentes químicos, físicos e biológicos, bem como dos resultados da avaliação de ergonomia conforme NR-17;
- avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de elaboração do plano de ação;
- critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de decisão.
A norma também determina que o inventário deve ser mantido atualizado por um período mínimo de 20 anos ou por um tempo estabelecido em normatização específica.
Quais as etapas fundamentais para a criação do inventário?
Antes de aprender como elaborar um inventário de riscos, é importante entender que esse documento deve ser criado com o apoio ou a assessoria de um especialista em Segurança do Trabalho.
A participação e a colaboração dos trabalhadores nas diversas etapas da gestão de riscos são de fundamental importância para a tomada de decisão das empresas, para o alcance do objetivo do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Nesse sentido, as empresas devem adotar mecanismos para consultar os trabalhadores em relação às suas percepções de riscos ocupacionais. Essa consulta pode incluir a participação dos comitês de segurança, bem como dos representantes dos trabalhadores, quando esse tipo de organização interna existir.
A seguir, saiba quais são as etapas necessárias para elaborar o inventário de riscos.
Identificação dos riscos
A listagem contendo a identificação de riscos deve ser realizada após uma análise minuciosa. Para isso, os profissionais enumeram as atividades que apresentam riscos aos colaboradores da empresa.
Avaliação e classificação dos riscos
A avaliação e classificação dos riscos deve ser realizada pela equipe responsável pela elaboração do inventário. Os riscos devem ser classificados, preferencialmente, conforme o grau de gravidade.
A definição da severidade, da probabilidade e do nível de urgência pode ser estabelecida a partir de graduações ou pontuações atribuídas na avaliação dos riscos.
Exemplo disso são os níveis de exposição aos riscos extremamente elevados para os trabalhadores, que recebem uma pontuação máxima de 5. Já uma menor exposição recebe uma pontuação menor (1). Dessa forma, o risco ocupacional que obteve maior pontuação será prioritário na implementação de medidas preventivas.
Monitoramento de riscos
Após a identificação e classificação dos riscos, é preciso monitorá-los, conforme as demais informações levantadas na execução do PGR da empresa. O objetivo é adotar medidas preventivas para evitar o agravamento dos riscos, bem como a ocorrência de possíveis acidentes de trabalho.
Com base nas informações dos riscos ocupacionais e nos níveis de exposição dos trabalhadores, os profissionais da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) conseguem estabelecer o tipo de ação de melhoria para controlar os riscos.
Uma maneira de garantir um controle efetivo é buscar a eliminação dos riscos. Caso isso não seja possível, o profissional de Segurança do Trabalho pode tentar substituir um processo industrial, uma tecnologia, um equipamento ou até mesmo os procedimentos utilizados para a execução de tarefas, a fim de minimizar os riscos.
Gestão de riscos e de EPIs
Além disso, é essencial buscar isolar as pessoas dos níveis de exposição ao risco, por meio de medidas de controle de engenharia. Associado a toda essa prevenção, é preciso fazer controles administrativos e proteger os trabalhadores com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados a cada tipo de atividade.
Mas não basta distribuir esses equipamentos de proteção aos colaboradores. É imprescindível oferecer treinamentos para a correta utilização e fazer a gestão de EPI.
Apontamento de resultados
Após a elaboração do inventário de riscos, é necessário apontar os resultados, verificando se houve melhoria nos processos da empresa.
Reanálise dos riscos
É fundamental rever periodicamente o inventário. Isso porque as atividades podem sofrer modificações, levando ao surgimento de novos perigos, além da mitigação de outros.
Qual a importância de elaborar esse documento?
Como observamos até aqui, o inventário de riscos é um documento de extrema importância para qualquer tipo de empresa, principalmente por descrever os principais riscos aos quais os trabalhadores estão sujeitos em seus ambientes de trabalho.
A seguir, veja alguns dos principais benefícios de elaborar um inventário:
- evita problemas legais, já que é parte integrante da legislação de segurança do trabalho;
- facilita a revisão periódica dos pontos mais importantes a serem trabalhados;
- fundamenta a criação do plano de ação e o desenvolvimento de estratégias de proteção dos trabalhadores;
- permite a intervenção visando à redução dos índices de acidentes de trabalho e adoecimentos;
- possibilita identificar e documentar todos os riscos por cargo e atividade;
- proporciona visão ampla da situação atual e tudo o que precisa ser feito para diminuir, cada vez mais, os riscos de acidentes ocupacionais.
Como vimos, o inventário de riscos é uma ferramenta administrativa que traz diversos benefícios para as organizações e seus colaboradores. Esperamos que este artigo sirva de base para a elaboração desse documento na sua empresa.
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