A execução de trabalhos em espaços confinados requer das empresas e dos colaboradores o cumprimento de uma série de requisitos que visam garantir a segurança da operação, a integridade física e o bem-estar. Nesse contexto, além do uso de diversos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), é indispensável a presença do insuflador.
Conforme indica a legislação trabalhista, os espaços confinados são impróprios à atividade laboral. Exatamente por esse motivo, eles recebem especial atenção e contam com regulamentações específicas, como as normas Regulamentadora 33 e Técnica NBR 16.557:2017 (anexo B).
Tais normas indicam as particularidades da gestão de segurança e saúde no trabalho, delimitam algumas classificações dos espaços confinados e, claro, tratam de procedimentos de trabalho seguro como as trocas de ar para ventilação do ambiente. A circulação de ar natural nos espaços confinados é insuficiente para garantir as condições mínimas de desenvolvimento das atividades, devendo-se, portanto, recorrer à ventilação mecânica.
Você conhece o equipamento responsável pela ventilação e exaustão dos espaços confinados? Sabe qual é a sua importância e como escolher o melhor modelo? Descubra tudo isso a seguir!
O que é o insuflador de ar
O insuflador de ar é um equipamento desenvolvido para prover ventilação de forma mecânica em espaços confinados. Trata-se de um aparelho com tecnologia de ponta, capaz de movimentar um grande volume de ar, de modo a garantir as condições atmosféricas para trabalho humano em espaços cuja ventilação natural é inexistente ou insuficiente.
Basicamente, o insuflador pode funcionar de duas formas.
A primeira é instalando o equipamento no espaço de confinamento ou captando o ar do ambiente aberto e direcionando-o ao local desejado com o auxílio de um duto. Dessa maneira, viabiliza-se a circulação de ar e também o conforto térmico.
A segunda adota o procedimento inverso, ou seja, a exaustão. Nesse caso, o insuflador retira do ambiente de confinamento o ar contaminado, levando-o ao local externo. Para que a circulação seja possível, o espaço confinado deve contar com entrada de ar ou outro equipamento desse tipo.
Vale lembrar que o insuflador deve atender normas técnicas e ser adquirido em empresa especializada. Além disso, as atividades em espaços confinados requerem a Análise Preliminar de Risco (APR) e a Permissão de Entrada e Trabalho (PET).
Esses procedimentos são responsáveis por garantir a segurança, orientar a utilização dos equipamentos e especificar as atividades a serem desenvolvidas, sobretudo nas áreas em que há risco de explosão.
A importância do equipamento
O insuflador é um equipamento muito importante no trabalho em espaços confinados. Afinal, com esse dispositivo, é possível:
- adequar os níveis de oxigênio na atmosfera dentro do local confinado;
- prover a ventilação geral;
- aumentar o conforto térmico;
- diluir a atmosfera tóxica do espaço confinado;
- diluir as substâncias tóxicas geradas pela execução do trabalho (soldagem, pintura, goivagem, entre outras);
- reduzir o tempo de limpeza da atmosfera;
- controlar a qualidade do ar e a concentração de substâncias tóxicas dos espaços inflamáveis ou asfixiantes;
- captar, canalizar e movimentar grandes volumes de ar (modelos de função dupla: insuflador e exaustor);
- otimizar a execução dos trabalhos devido à leveza, mobilidade e praticidade de instalação.
Devido às características de alguns espaços e do tipo de atividade, o insuflador se tornou um equipamento essencial. Na sua falta, muitas operações são praticamente impossíveis, sobretudo em atmosferas asfixiantes ou inflamáveis e nas atividades que têm como consequência a emissão de poluentes.
Sempre que as entradas e saídas do espaço estiverem total ou parcialmente fechadas, houver riscos aos profissionais e a circulação contínua de uma ou mais pessoas não puder ser garantida em condições naturais, será necessário usar o insuflador.
Geralmente, sua aplicação se refere aos tanques, tubulações, galerias, silos, digestores e similares, muito encontrados nas atividades agroindustriais, petroquímicas e mineradoras, por exemplo.
Como escolher o seu
Para escolher corretamente o insuflador, algumas questões precisam ser consideradas. Veja quais são as principais!
Dimensionamento do equipamento
Para escolher o insuflador, é necessário realizar um estudo para verificar volume, tamanho e geometria do espaço confinado e de suas aberturas. Deve-se ter em vista também os tipos de poluentes e a infraestrutura do local, pois pode ser necessário utilizar simultaneamente um insuflador e um exaustor.
Isso significa que a análise deve apontar itens como temperatura, pressão, vazão, ponto de geração de poluentes e demais propriedades que possam interferir nas condições de trabalho. Feito isso, o dimensionamento do equipamento possibilitará conhecer profundamente pelo menos dois aspectos básicos: número de trocas de ar e vazão.
A troca de ar é definida pela razão entre o volume do espaço confinado e a vazão de trabalho do insuflador ou exaustor. Para isso, é possível utilizar algumas tabelas de trocas de acordo com o tipo de ambiente. A nossa ABNT NBR 16.577/2017 estabelece uma troca mínima de 10 vezes sobre o volume do espaço confinado por hora, ou seja, se o volume é de 400 m³ precisaremos realizar uma ventilação mecânica de 4.000 m³/hora para uma purga da atmosfera dentro do espaço confinado.
Já a vazão é o produto de um cálculo que estabelecerá qual equipamento deve ser escolhido.
Para entender como o cálculo é feito, você precisa recordar de algumas grandezas físicas:
- Q: vazão necessária ao equipamento em m3 por hora;
- Cl: taxa de concentração do agente contaminante;
- V: volume do ambiente confinado (m3);
- T: tempo necessário para diluição;
- Lt: limite de tolerância às substâncias tóxicas.
Dessa forma, o cálculo da vazão de diluição das substâncias em um determinado período é feito pela seguinte equação: Q = Cl x V sobre Lt x T.
Uso em áreas especiais e posicionamento
A escolha adequada deve considerar os riscos.
Locais que podem explodir ou incendiar e “áreas classificadas” precisam seguir rigorosamente os padrões de segurança, uma vez que se trata de equipamento elétrico/rotativo.
A opção por um insuflador deve ser orientada da seguinte maneira:
- confinamento em área sem risco de explosão e não classificada: qualquer tipo, desde que atendidos os critérios de segurança e vazão;
- área confinada não classificada e com risco de incêndio ou explosão: insuflador à prova de explosões ou aqueles com motor não faiscante;
- espaço confinado em área classificada: equipamento à prova de explosão e adequado ao local, por exemplo, insufladores movidos a ar comprimido ou elétricos com certificação do Inmetro (Certificação pela Portaria 179/2010 – Brasil).
Além de atender os critérios de segurança, a empresa deve analisar o acesso ao espaço para escolher o melhor posicionamento. O insuflador pode ser utilizado com dutos ou mangueiras; portanto, ser posicionado fora do local confinado e trabalhar em conjunto com o exaustor.
Basicamente, são duas possibilidades: posicionamento fora da área de confinamento e dentro do local confinado.
Características do equipamento
O último passo para fazer uma boa escolha é verificar, além da capacidade de vazão, alguns quesitos como:
- tipo de alimentação: energia, combustível, bateria ou água;
- peso: item muito importante para a mobilidade;
- emissão de ruídos;
- curva por vazão;
- modelo de bocal (exaustão localizada);
- diâmetro e flexibilidade das mangueiras.
Como você deve ter percebido, a escolha do insuflador requer atenção e análise. Por esse motivo, o ideal é contar com profissionais capacitados e o auxílio de uma empresa especializada na hora de escolher o equipamento.
Gostou do post? Ele ajudou você a entender como é feita a escolha do insuflador para trabalho em ambientes confinados? Deixe um comentário!
excelente explanação!
Obrigado Alberto! Compartilhe esse conteúdo nas com amigos de trabalho e com pessoas que poderiam se interessar.
A prevenção é a única saída para evitarmos mortes!
Excelente conteúdo ! Poderia me informar qual a fonte bibliográfica da formula de diluição Q = Cl x V sobre Lt x T.